Enganei-me muitas vezes, iludi-me outras tantas, caí, levantei-me, tornei a cair, confiei, fiz um caminho longe de esperança, umas vezes defraudadas outras não, construí convicções, esforço-me pelas razões, aprendi que a verdade não é estática, muda com a busca do conhecimento.
Nunca na minha vida fui tão ameaçado, condenado por quem tão bem conheço e partilhei tempos idos importantes da minha vida, partilhei fome, sede, medo, e é-me grato constatar, hoje, que sobraram profundas amizades que resistem ao respeito das ideias e posturas de cada um.
Quando viemos ao mundo não escolhemos a família, mas a vida leva-nos com o tempo a crivar os amigos, são eles o alimento da alma, a alegria do espírito, e a certeza de que não estamos sozinhos no mundo.
Quando aceitei o desafio da Tribuna de Angola, fi-lo por Angola, pela minha gente, pela minha experiência que a vida e o tempo me ensinaram, apenas aplico nela tudo que sou, tudo que sei, em prol da verdade e da justiça.
Somos apenas passageiros portadores do que recebemos e temos obrigação de dar, quando viemos ao mundo o nosso chão já estava, e lá estará depois de nós, a ele mesmo empoeirado, devemos respeito, dignidade, e muita, muita humildade.
Os invejosos e egoístas, os oportunistas e analfabetos funcionais, tentam barrar o caminho, e até direitos, a muitos que tanto deram, lembro-me de Armando Pilartes, bancário durante 40 anos em Paris, filho do Huambo, amigo íntimo de Jonas Savimbi, acompanhou de perto a educação e crescimento de tantos filhos do fundador da UNITA, e hoje esquecido na hora das promoções a granel que contemplou tantos familiares dos oligarcas feitos generais para beneficiarem de chorudas reformas.
O mesmo aconteceu com Armando Chilala, Armindo Solunga, meus professores no Ukuma, ou Valdemar Chindondo e o Sachiambo, meus companheiros militares no Cuito.
Sem razão, os novos ricos alienados às mordomias de Luanda que José Eduardo dos Santos lhes facultou, com os milhões do garimpo que exploram e negoceiam para perpetuar o iluminismo balofo, atacam-me de não promover a cultura de Angola, sem razão, nenhum deles tem capacidade para me enfrentar sobre a minha terra, claro que havia excepções, Jaka Jamba e Sachipengo Nunda.
Também promovo tudo quanto legitima a minha visão contemporânea pró João Lourenço, que optou pela via mais difícil, mais corajosa, mas a mais segura rumo ao futuro.
Criticar o novo aeroporto por ser demasiado grande? Que imbecilidade! Falar mal do Angosat-2? Que pequenez estúpida!
Leiam, instruam-se, hoje mesmo o mundo ficou a saber que uma criança recém-nascida, de 11 dias, foi submetida domingo, com sucesso, a uma cirurgia ao coração, no Complexo Hospitalar Cardeal Alexandre do Nascimento, em Luanda, de retirada de um cateterismo (objecto estranho), que estava alojado ao lado do coração, informou o director do Serviço Cardiovascular da instituição.
Dizem que não há literatura angolana disponível, falsa questão, nunca esteve tão acessível nas redes digitais.Leram Agostinho Neto? Viriato da Cruz? Alda Lara? Orlando de Albuquerque? Ernesto Lara Filho? Pepetela? Manuel Rui Monteiro? Conhecem o significado das máscaras de cada região de Angola, escalpelizadas na obra fantástica do Professor José Redinha?Já leram os contos de Óscar Ribas?Querem conhecer a Angola ancestral, usos e costumes, fauna, flora de cada região, aconselho o homem que mais conviveu e conheceu todos os Povos de Angola e as suas história, leiam a obra de Henrique Galvão.
Deixo aqui a terminar a sua obra ímpar, proibida por Salazar: Nacionalização de Angola: conferência, 1929″La Presse Coloniale et le probleme du travail indigene”, 1931″Informação Económica sôbre Angola”, 1932″As feiras de amostras coloniais”, 1932″As embalagens no comércio com as Colónias”, 1932″Um critério de povoamento europeu nas Colónias”, 1933Terras do Feitiço (contos africanos), 1934Da vida e da morte dos bichos: subsídios para o estudo da fauna de Angola e notas de caça. Vol. I – Elefantes e RinocerontesVol. II – O Hipopótamo, A Girafa, O Crocodilo, Os JavalisVol. III – O LeãoVol. IV – Búfalos, Gorila, Leopardos, Antílopes, etc.Vol. V – Narrativas de Caça Grossa em África”O povoamento europeu nas Colónias Portuguesas”, 1935″Portugal Colonial” (6 vol.), 1931-37″Dembos” (2 vol.), 1935 O sol dos trópicos: (romance colonial), Henrique Galvão, 1936, 322 p.”A caça no império português”. Com António Montês e José Arantes de Freitas Cruz, 1943-45Kurika: romance dos bichos do mato, 1944Impala: romance dos bichos do mato, 1946″Irreverência?: (Notas à margem da política e dos costumes), 1946Vagô: romance dos bichos do mato (também chamadoO homem e o tigre: vagô), 1954Nota: Muita gente compra o livro pela capa, bonita para a estante na sala, e outros pelo autor, descriminando pela ideologia, religião, e outros para lerem o que querem ler.
Na UNITA, por aclamação e obrigação lê-se Agualusa e Jardo Muekália.
Por uma Nova República, já!!!