A Cimeira Empresarial EUA-África, a realizar esta semana em Luanda, destaca-se como um marco estratégico nas relações entre os Estados Unidos e o continente africano.
Com mais de 1.500 participantes, incluindo chefes de Estado, ministros, líderes empresariais e representantes de instituições financeiras, o evento consolida-se como o principal fórum de diálogo económico entre os dois blocos (EUA e África).
A escolha de Angola como anfitriã não foi casual: o país tem-se afirmado como um parceiro-chave dos EUA na África Subsaariana, especialmente após a visita histórica do Presidente Joe Biden em dezembro de 2024, a primeira de um presidente norte-americano em funções.
Para os Estados Unidos, a cimeira representa uma oportunidade de reforçar a sua presença económica e diplomática em África, num momento em que a competição global por influência no continente se intensifica.
Através de iniciativas como o Corredor do Lobito — infraestrutura ferroviária estratégica para o escoamento de minerais críticos — os EUA procuram não apenas fomentar o comércio, mas também garantir acesso a recursos essenciais para a transição energética global. A presença de altos representantes do Departamento de Estado, do EXIM Bank e da U.S. International Development Finance Corporation sublinha o compromisso norte-americano com investimentos sustentáveis e parcerias de longo prazo.
Este tipo de envolvimento não é novo.
Em 2014, o então Presidente Barack Obama organizou em Washington a primeira Cimeira de Líderes EUA-África, reunindo quase 50 chefes de Estado africanos. Na altura, Obama destacou que “o futuro de África é brilhante” e que os EUA estavam prontos para ser parceiros no crescimento do continente. A cimeira de 2014 foi um ponto de viragem na política externa americana, marcando o início de uma abordagem mais estruturada e estratégica para África — uma linha que continua a ser seguida e aprofundada nas edições subsequentes, como a de Luanda.
Assim, a cimeira desta semana não é apenas mais um evento diplomático: é a confirmação de uma política de continuidade e aprofundamento das relações EUA-África.
Ao reunir líderes políticos e empresariais para discutir temas como energia, saúde, tecnologias digitais e economia verde, os Estados Unidos demonstram que veem África não como um espaço de intervenção pontual, mas como um parceiro essencial para o futuro global.
A atenção dada por diferentes administrações norte-americanas, de Obama a Biden, prova que esta cimeira é, de facto, um momento-chave da política externa dos EUA para África — ontem, hoje e sempre.