Um jornalista que estagiou comigo em Paris, Vítor Paulo, nascido no Bocoio, província de Benguela, hoje investigador sobre a africanidade americana de uma universidade da Carolina do Sul, fez-me uma visita no regresso de uma viagem que acabou de fazer aos Camarões e ao Senegal.
Embora eu estivesse ligado ao comando do Cuanza Sul, às ordens do capitão Jeremias Cússia, o Vítor fora colocado às ordens de Jorge Valentim no Lobito. Em amena cavaqueira viajamos por tempos idos, dos nossos a maioria já partiu, mas o nosso chão é a eternidade alojada nos nossos corações.
A UNITA foi a nossa esperança na ingenuidade, pesadelo na experiência, e a realidade tem dado razão a todos que dela se desligaram enquanto o caminho ainda poderia ter sido mudado, mas essa esperança está sepultada no remorso de ter sido conivente com um tempo tenebroso, mas a saudade é hoje paradoxalmente alimentada pela razão de ter escolhido outros caminhos.
Mas, enquanto cidadãos angolanos, prisioneiros das raízes e memórias do nosso chão, abrigamos uma preocupação permanente com os familiares, amigos e compatriotas cujas dificuldades nunca esconderam o sorriso e a felicidade em cada reencontro, onde tudo é partilhado.
Lamentou o meu amigo, ter encontrado cidadãs angolanas prisioneiras de redes de prostituição em Dakar e Doualá, retiradas de Angola com casamentos falsos, iludidas por promessas vãs, e muitas a engravidarem para parirem crianças para o mercado abominável de tráfico de crianças e órgãos humanos.
Este cenário, retorqui eu, advém do facto de termos instituições no nosso País, que tutelam essas questões, que estão invariavelmente ocupadas em manter a Ordem Pública devido à permanente ameaça de instabilidade causada por uma Oposição arruaceira.
Mas há um facto que ressalta, a omissão de quem tutela o cumprimento das regras democráticas, num tempo em que o mundo se confronta com ameaças factuais, reais, localizadas nas suas origens, há sempre os elos de ligação que devem ser fiscalizados, porque quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado vem.
A UNITA e o bacharel megalómano mentiroso ACJ “Betinho”, nunca se demarcaram frontal e claramente deste fenómenos ameaçadores, da autodeterminação de Cabinda, do contrabando humano ao financiamento do narcotráfico, da dependência de fundos especulativos, da similitude e saudações festivas com arruaceiros de outras paragens, (algumas já assumidas com ligação a financiamentos do fundamentalismo islâmico), isto retrata no postal do SOVISMO um porto de abrigo que vacila entre a clandestinidade e o terrorismo de Estado.
Quem fiscaliza as contas dos Partidos em Angola? Como entram ou são negociados fundos provenientes do estrangeiro? Alguém responsável tem noção de quantos imóveis ocupados pela UNITA no País, para sedes provinciais e municipais, com rendas por pagar (ad aeternum), silenciadas pelo medo?
É hora de mudança, João Lourenço deu ao mundo uma Angola em mudança, ganhou espaço, mas a UNITA não se cansa de o colocar em causa, mas o Senhor Presidente da República, politicamente vale mais só do que os Partidos todos juntos, ele, só ele e a sua equipa pode protagonizar a mudança que corporiza a Nova República.