A Carry1st, a maior editora mobile centrada no continente africano, arrecadou US $ 6 milhões em financiamento para explorar o mercado de jogos que envolve biliões de dólares em África. No presente, África é o mercado de jogos para telemóveis que mais cresce no mundo, impulsionado por uma população de 1,3 biliões e uma idade média de 19 anos. Acredita-se que em apenas cinco anos, África, terá o dobro de jogadores que existem actualmente na América do Norte.

A empreitada deste financiamento foi liderada pela Konvoy Ventures, uma empresa de capital de risco para videojogos com sede no Colorado (EUA). Como parte do acordo, o sócio-gerente da Konvoy Ventures, Jackson Vaughan, junta-se ao conselho da empresa. Outros participantes deste financiamento incluem a Riot Games (criador do League of Legends), Raine Ventures, AET Fund / Akatsuki (criadores do Dragon Ball Z), com sede em Tóquio, e a especialista em fintech TTV Capital.

Segundo a empresa, o financiamento mais recente será utilizado para garantir novas parcerias com estúdios de jogos globais, lançar e dimensionar seu portfólio existente de jogos e expandir as suas equipas ao nível do produto e engenharia.

Corresponder à procura de jogos em África

Depois de cerca de um ano no mercado, a Carry 1st apercebeu-se de como era fundamental ter soluções de pagamentos locais, já que os utilizadores não têm cartões de crédito aceites pelo Google Play e pela App Store da Apple.

No início de 2020, a empresa angariou um capital inicial de $ 2,5 milhões e construiu uma plataforma de pagamentos ‘Pay1st’, que permitirá aos utilizadores fazer pagamentos usando métodos de pagamento locais.

De momento, a plataforma está disponível em 6 países africanos diferentes, fornecendo uma solução fintech integrada que consolida os métodos de pagamento populares.

Impacto dos jogos em África

Boluwatife Omotayo, um especialista do sector, explicou que o aumento do fluxo de caixa criará mais empregos e trará mais conteúdo de entretenimento móvel global para entusiasmar os africanos. Além disso, ajudará a melhorar a adesão local, a monetização, impulsionar o ecossistema do e-Sport e alertar os jogadores internacionais que há um mercado no continente.

Brendan Mulligan, chefe de desenvolvimento corporativo da Riot Games, reconheceu que o número de jogadores em África está a crescer exponencialmente e que a Carry1st apresentará os seus jogos a um público apaixonado.

Apesar do crescimento, a monetização é um grande desafio no mercado africano. Na Nigéria, por exemplo, o mercado de jogos para telemóveis, é estimado em aproximadamente US $ 126 milhões, dos cerca US $ 140 bilhões da indústria global de videojogos.

Jogos online em Angola

Angola ainda se encontra numa fase algo insípida, no entanto notabilizam-se algumas excepções, pelo menos no que concerne à qualidade de acesso a jogos online.

A multinacional de telecomunicações Angola Cables (constituída pelos cinco principais operadores de telecomunicações angolanos) lançou no ano passado uma ferramenta denominada “IP Gamer”, um serviço IP que seleciona automaticamente as melhores rotas entre os fornecedores e servidores de jogos ao utilizador final. Esta rede IP tem como finalidade aprimorar o desempenho dos jogos online, proporcionando latências melhoradas até 50 % e maior estabilidade de rede.

Os utilizadores finais que tenham os seus fornecedores de internet ligados directamente à rede da Angola Cables, começam a competir sem “delay” na conectividade, resultando numa melhor experiência de jogo.

O CEO da Angola Cables António Nunes, aquando do lançamento deste serviço salientou a sua importância, tendo em vista a dinamização dos jogos electrónicos, sobretudo no mercado angolano. Existiam reclamações a vários níveis, por isso a empresa procurou desenvolver uma solução que permitisse resolver alguns dos desafios trazidos pelo “LAG” sofrido de muitos gamers em África.

Em 2019, a nível de receitas videojogos geraram uma receita a rondar os 22 milhões de dólares, havendo em Angola o registo de mais de 50 mil jogadores.

Em suma

Com cerca de 1,1 bilião de Millennials e Geração Z, África é a região de crescimento mais rápido para downloads de jogos mobile. Apesar deste potencial, os estúdios internacionais muitas vezes acham difícil servir os jogadores africanos de forma lucrativa devido à dificuldade de distribuição e aos ecossistemas de pagamentos digitais.