O nome Agualusa é na maioria das vezes associado à escrita, designadamente ao seu principal ofício, romancista.
Todavia, quem mergulha um pouco no seu passado, descobre imediatamente que o seu percurso foi abraçando ao longo do tempo diversas actividades onde se pudesse sentir, acima de tudo, em harmonia com o seu Eu, divertir-se e porque acredita que a escrita transforma o mundo.
Desta feita, o renomado escritor angolano, dá os seus primeiros passos no mundo da fotografia. No início deste mês foi inaugurada a exposição “O Mais Belo Fim do Mundo” no Camões – Centro Cultural Português em Maputo. Esta é a primeira amostra de fotografias de Agualusa, onde vem também integrada a literatura e que conta com a colaboração da editora brasileira Lúcia Bertazzo.
Este projecto está a ser exibido em duas expressões artísticas: montras fotográficas que retratam o ambiente popular da ilha de Moçambique, e onde o autor vive actualmente e a audiovisual, com uma instalação cenográfica de figuras populares da literatura lusófona com quem o escritor foi se cruzando ao longo dos anos, como por exemplo Tatiana Salem Levy, Luís Cardoso, Inês Pedrosa, Ana Paula Tavares, ou Paula Chiziane. Realce também para o facto deste projecto contar com textos escritos do seu grande amigo e escritor bem conhecido Mia Couto, que levou a cabo a apresentação da exposição no dia da inauguração.
Uma curiosidade particular que ressalta desta primeira experiência do escritor, é que a concepção fotográfica, parte da inspiração do amor pela esposa Yara, e pela filha, Kianda. No período em que a sua mulher esteve grávida, Agualusa foi desenvolvendo algumas ideias que iam brotando e escrevendo alguns versos, que acabavam por ter uma conexão simbólica pela ilha de Moçambique, que é o lugar a que chama de casa. Um terceiro amor que o autor enaltece, e que nesta exposição “O Mais Belo Fim do Mundo” não deixou de estar evidenciado, é a veneração que nutre pela língua portuguesa. A exposição estará em exibição até ao dia 12 de fevereiro do próximo ano, excepto no período de férias do Centro, que durará cerca de um mês, e que terá início a 18 de dezembro.
José Eduardo Agualusa nasceu na cidade do Huambo em 1960, mas a sua residência foi assente em vários locais, como Lisboa, Luanda, Rio de Janeiro ou Berlim. É um homem do mundo, mas actualmente assentou arraiais na ilha de Moçambique. Estudou agronomia e silvicultura. É um amante de várias artes, daí ter-se debruçado em vários ofícios; jornalista, romancista, contista, cronista, autor de literatura infantil e agora fotógrafo. Os seus romances já lhe valeram distintos prémios, como por exemplo o Grande Prémio de Literatura RTP, o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens, ou mais recentemente o Prémio Literário Internacional IMPAC de Dublin (2018).