Sharam Diniz, 30 anos, a modelo e atriz angolana mais famosa a nível mundial já deu a cara pelas revistas Vogue, Marie Claire, Elle e GQ; foi embaixadora da campanha “A Indústria Mais Sexy da Europa”, dando a cara pela Portuguese Shoes; e desfilou pela Maison Chanel e por marcas como Calvin Klein e Carolina Herrera. Em 2012 foi a primeira angolana a subir à passarelle da famosa marca de lingerie Victoria Secret’s, desfilando com a linha Pink das conhecidas Angels.
O seu nome de batismo Sharam, significa em árabe “modéstia e timidez” e ela é, de facto, uma mulher muito reservada, mas que teve acesso e sucesso nos maiores palcos da moda mundial. Sharam Diniz é, simultaneamente, uma diva nas redes sociais e tem quase 470 mil seguidores no Instagram, tendo lançado uma linha de cosméticos para cabelos com o seu nome, a Sharam Hair.
Antes da pandemia da Covid-19 já tinha começado a brincar aos Vlogs e tinha igualmente iniciado uma série de vídeos no seu canal de YouTube. A paragem forçada nas passarelles apanhou-a de surpresa no Rio de Janeiro, no Brasil, e fez aumentar o número de ‘lives’ que a atriz e modelo faz, sempre com conversas muito especiais com amigos, em especial com artistas angolanos que estão a dar cartas no panorama artístico nacional e também na Europa.
Aos 17 anos destacou-se com a sua beleza em desfiles em Luanda e aos 18 foi estudar Gestão de Eventos em Inglaterra. Depois disso, viveu em Nova Iorque, uma das capitais da moda, e mudou-se por fim para Lisboa, em Portugal, onde posou para a revista GQ e ficou conhecida com o epíteto de “a nova pantera negra”. Esse facto despertou a curiosidade da estação de televisão TVI, que, em 2015, a contrata para desempenhar o papel de Nikita, na novela de sucesso A Única Mulher.
Relata experiência de violência doméstica
Só depois de todas estas experiências e vivências pelo mundo, a jovem modelo e atriz conseguiu arranjar coragem para revelar os horrores que viveu numa relação violenta com um ex-namorado. Agora, a Samara, da série O Clube, disponível na plataforma de streaming OPTO, da SIC decidiu dar a cara e partilhar a sua história de violência doméstica para ajudar outras mulheres, em especial as angolanas que a seguem com intensa admiração.
“Confesso que tive medo. O namoro acabou de uma forma muito feia. Envolveu a minha família quando eu estava em Inglaterra a estudar. Não sei dizer como cheguei ali. Eu achava que estava a acontecer por minha causa”, relata, com visível fragilidade, a Dinamene Cruz, apresentadora do programa Por Trás da Cortina, na TPA.
Desde a primeira agressão até ao fim da relação demorou um ano, período de tempo em que a então super-requisitada modelo terá sido vítima de múltiplas agressões, por parte do seu ex-namorado. “Mostrar o telemóvel ou fazer videochamadas para mostrar onde estava ou com quem estava virou obrigação e ele tornou-se obsessivo. Ligava-me de madrugada. Tive que começar a colocar o telemóvel no silêncio”, conta.
Apela a que todas falem de violência com adultos
Depois de ter conseguido colocar um ponto final na relação abusiva, Sharam assumiu que não deve silenciar o tema e até se tornou porta-voz deste. “Alerto para que o assunto seja falado por todas as meninas em casa com os pais ou com um outro adulto que as possa guiar. Eu optei por não falar com os meus pais e a minha mãe acabou por saber do assunto da pior maneira, com queixas na polícia e obrigações dele de se afastar de mim”, relembra.
“Mais vale falar do assunto. Este ano (2020) fui a um desfile de moda contra a violência doméstica e todas as mulheres que por lá passaram tinham sofrido essa experiência. Foi aí que decidi falar abertamente. É uma causa com a qual me identifico e acho que está na altura de falar”, defende. “Porque vou ter vergonha? Quando a vítima sou eu…”, conclui.