Espanha aposta na nova Angola

ByTribuna

6 de Abril, 2021

O chefe do Governo espanhol Pedro Sánchez vai visitar Angola nos próximos dias 7 e 8 de Abril. Como acontece em todos estas situações, o agendamento dos assuntos e acordos já foram pré-determinados, e naturalmente, a expectativa é enorme.

Desde 1991 que a mais alta instância governamental espanhola não visitava Angola. Felipe González foi o último Presidente do governo a fazê-lo, embora tal não signifique que as relações entre os dois países tenham sido frias ou pouco infrutíferas, muito pelo contrário.

Espanha pretende dinamizar mais as suas relações externas com o Continente africano, numa perspectiva de desenvolvimento dos países através do investimento, e elegeu Angola como um dos países prioritários, juntamente com a Nigéria, Etiópia, Senegal e África do Sul.

O embaixador espanhol em Luanda Manuel Ruigómez destacou numa entrevista à Lusa a importância da boa relação entre os dois chefes de estado, transmitindo desta forma um clima de confiança para os investidores e empresas espanholas que querem actuar no mercado angolano.

Actualmente, Espanha tem mais de 60 empresas a operar em Angola em diversos sectores como a energia, banca, construção e agricultura. O embaixador apontou igualmente o interesse espanhol no turismo, salientando que vão ser assinados 4 protocolos – na área do transporte aéreo, agricultura, pescas e indústria.

O diplomata não perdeu o ensejo para enaltecer o papel fundamental que o governo de João Lourenço tem desempenhado, designadamente no combate à corrupção bem como nas iniciativas que tem protagonizado, como sejam os pacotes legislativos que o Governo e a Assembleia têm vindo a aprovar no domínio da facilitação de negócios.

Por último, realce para a “reprimenda” que o Presidente da Associação Industrial Angolana José Severino fez a Portugal, a propósito da visita do chefe de Estado espanhol.

Tendo em conta as características de cada um dos países, Espanha e Angola estão a trilhar um tipo de estratégia que visa uma melhor cooperação e investimento, embora não se possam olvidar ou marginalizar a economia real que engloba as micro e pequenas empresas. Já Portugal, devia aproveitar esta visita para rever a sua postura quanto a Angola, devendo ser mais proactivo, e não defender apenas os grandes interesses, como aconteceu no passado, para assim não ser ultrapassado por Espanha no domínio da competitividade.