Doutrina e consequência

ByTribuna

28 de Março, 2021

Em 1975 assente numa Comunidade branca traída, a UNITA fartou-se de festejos antecipados minimizando os adversários, denotando imaturidade e driblando a irresponsabilidade evidente. N´Zau Puna lançava do 2º andar em Nova Lisboa, com arrogância, o medo e a provocação, e Jonas Savimbi percorria o país mobilizando quadros, estruturando o Partido, mas com dois discursos, um em português abrangente e outro em Umbundo racista e tribalista.

Em 1992 com roupagem nova e doutrina antiga, eminentemente rural, gentia, mais uma vez, arrogante, embandeirou a vitória como favas contadas, Salupeto Pena era voz da arrogância e provocação, o desanuviamento da Guerra Fria obrigava a um entendimento político, mas o Galo Negro sem ajuda externa tradicional não voava, e o inevitável aconteceu.

O comunismo caiu e o MPLA, como Partido Urbano, rapidamente adaptou-se à cena internacional pela via do Mercado, os ventos favoráveis do petróleo ajudaram a distanciar-se da Oposição. 

Recolhido na Jamba o Galo Negro encontrou no seu seio contradições que deram aso à traição ao seu líder Jonas Malheiro Savimbi, dissidências que optaram pela via política, e uma fragmentação balcânica consequente de horrores vividos com famílias inteiras dizimadas e mulheres queimadas por não cederem aos caprichos do chefe. Este caos redutor levou Lukamba Gato à liderança transitória, entregou ao general “Kamorteiro” um momento que ficará ligado à História de Angola, mas os ajustes de contas nunca terminaram, as punições também, nunca acabou o Estado paralelo à revelia do Estado de Direito.

A exploração do garimpo continuou, a herança de Jonas Savimbi nunca foi encontrada, aos filhos nunca foram prestadas contas, e assim, com racismo, tribalismo, escravatura, e mais uma vez arrogância chegamos a 2021, depois de a UNITA ser derrotada nas urnas numa eleição que a sua máquina de propaganda quase convenceu o mundo que tinha ganho.

Isaías Samakuva não sendo um líder mobilizador foi apaziguador, pegou nos escombros da herança, enfrentou clivagens e dissidências, foi vilipendiado, mas teve o mérito de entregar uma UNITA politicamente estável, dialogante, mas hoje, como aconteceu no último aniversário do Partido, tem o seu nome barrado oficial e publicamente em todas a intervenções do Galo Negro.

Adalberto da Costa Júnior cumpre a doutrina e o determinismo dos mandões, idiota útil recebe as instruções da Vila Alice onde Lukamba Gato, Marcial Dachala e Eugénio Manuvakola decidem tudo, é a ala belicista em controlo absoluto com peões a espicaçar a juventude.

Bem falante, bem vestido, narcisismo saciado, ACJ coloca o peito às balas cumprindo a doutrina, ele mesmo sofrerá as consequências dentro da própria UNITA, os filhos de Jonas Savimbi já se afastaram e Rafael Massanga Sakaita Savimbi está prestes a deixar a direcção.

Na UNITA é crucial para manter a actividade de instabilidade social os fundos que emergem dos marimbondos, a primeira factura visível é o crescimento de Tchizé dos Santos que já é porta-voz de ACJ no exterior. 

Está a programar-se uma viagem à Europa dos belicistas em Maio próximo, o primeiro destino é França, mas há negócios de material para manifestações ruidosas a entrar em Angola, há facturas, algumas são pagas a partir das Ilhas Maurícias, ACJ solicitou ao grupo de amigos no Porto condições para viajar no 25 de Abril e ser recebido por gente influente, no entanto o grupo de Zédu prepara uma viagem do líder da UNITA a Pequim.

Até quando…???

Kuma