A secretária-executiva da Comissão Económica das Nações Unidas para África, Vera Songwe teceu rasgados elogios a Angola, numa recente entrevista dada à agência de notícias Lusa. Qual o motivo para tal? Angola foi o único país que reestruturou a dívida privada sem queda do rating e está a ser o “ponta de lança” do que o Enquadramento Comum para o tratamento da dívida devia ser.
Segundo a Secretária, “Angola foi uma espécie de precursor do que o Enquadramento Comum para o tratamento da dívida para além da Iniciativa de Suspensão do Serviço da Dívida devia ser, porque de certa maneira as autoridades conseguiram negociar com os credores chineses públicos e privados e tiveram longas conversações e resolver a dívida, antes do lançamento do Enquadramento Comum, tiveram sorte e fizeram isso rapidamente, mas ainda nenhum país passou pelo processo do Enquadramento”.
Este mês, também a agência de rating Moody’s classificou Angola como o país mais reformista de África e enalteceu o esforço de ajustamento orçamental desenvolvido. Esta convicção saiu reforçada quando Aurelien Mali, analista principal da Moody’s afirmou que Angola é provavelmente o país que fez mais reformas estruturais nos últimos cinco anos. As previsões económicas da agência de rating, reflectem finalmente este cenário, quando reviu em alta o crescimento para este ano, de 1,2% para 2,7%, colacando assim, um ponto final a cinco anos de recessão.
Não presumamos que esta onda de elogios que estão a sobressair nas visões externas, são meramente episódicas. O FMI na sua última avaliação ao executivo angolano, já tinha deixado claro que o seu desempenho estava a ser manifestamente positivo (https://tribunadeangola.org/?p=4189). Abebe Selassie, director do departamento africano da instituição comentou que “como todos o países, Angola sentiu o efeito grande da pandemia na economia, mas, ao mesmo tempo, já estava a tentar fazer a coisa certa ainda antes da pandemia. Tinham começado reformas económicas abrangentes, e também do lado da governação e das políticas”. Aliás, o FMI é ainda mais optimista nas suas previsões apontando para um crescimento de 3,2 % e uma melhoria da dívida pública, enquanto o Banco Africano de Desenvolvimento (acabou de anunciar que vai investir 530 milhões de dólares no sector eléctrico), sugeriu uma estimativa de 3,1%. É importante lembrar que estas projecções, dependerão em grande medida da evolução do preço do petróleo.
Tudo isto são boas notícias para o Governo de João Lourenço, todavia, não se deve extrapolar em demasia tais números, pois Angola internamente enfrenta uma enxurrada de problemas e desafios sobejamente conhecidos, e que a oposição, principalmente a UNITA tem vindo a aproveitar-se para lançar campanhas de desunião e discórdia entre os angolanos.