Comentário ao texto de M. Moco “Revisão constitucional vs revisão mental”

ByTribuna

18 de Março, 2021

M. Moco tropeça na torrente de palavras que jorram da sua mente e se enrolam em danças tortas, por isso raramente sai um texto que não seja confuso. É o caso do recente ““Revisão constitucional vs revisão mental”.

Esse texto parte dum pressuposto errado: que determinado colaborador do escritório de advocacia de Moco se demitiu do mesmo devido a “ordens superiores” do Presidente da República. Dificilmente se imagina que o Presidente da República se levante de manhã preocupado com os colaboradores do escritório de Moco. Isto é uma fantasia.

Da fantasia inicial, Moco dá um salto e dispara para todo o lado, criticando aqueles que receberam medalhas do Presidente e que acreditam no seu pendor reformista. Depois, centra-se em si, novamente. E sobre si retorna a fantasia, e Moco vê-se a ser perseguido inexoravelmente pelo Presidente e pinta um cenário em que retornará, qual Cincinato, ao cultivo das suas terras, debaixo de eventuais ameaças de morte.

Não havendo continuidade lógica no raciocínio, Moco vê Angola a caminhar para uma Kagamização do regime e o mandato de João Lourenço a ser prolongado ou aumentado, nem se percebe bem.

Paul Kagame não está isento de erros, e a história ainda não fez o juízo final, mas a realidade é que encontrou um país dilacerado por um genocídio impensável e lançou-o numa senda de estabilidade e modernidade. A larga maioria dos ruandeses está satisfeita, o país quase se tornou um oásis. Consequentemente, não tem sentido equiparar Kagame a algo de mau. Era bom que a maior parte dos países africanos tivesse líderes como Kagame.

As menções sobre a revisão da Constituição e o prolongamento do mandato do Presidente não se entendem. A presente revisão não aborda o tema. Há que ler bem a proposta de revisão. É o artigo 113.º, n.º 2 que estipula que: “Cada cidadão pode exercer até dois mandatos como Presidente da República.”. Este preceito não consta da proposta de revisão. Não sofre qualquer mudança. Estão-se a agitar fantasmas.

Sim, é necessário proceder a uma revisão mental. E essa revisão mental é que não se deve estar sempre com queixumes e esperar que o Presidente da República resolva os problemas. O que se assiste neste momento, é que muitos falam e falam, deleitam-se a ouvir as suas palavras do nada, mas poucos se empenham para transformar a “primavera lourencista” numa realidade. Não é em 3 ou 4 anos que se desconstrói um sistema de 40 anos, é com passos seguros e determinados. Menos conversa e mais acção.