Angola não pode ser o Congo

ByTribuna

23 de Fevereiro, 2021

Recentemente, o embaixador italiano em Kinshasa, Luca Attanasio, foi morto a tiro num ataque armado a um comboio do Programa Alimentar Mundial (PAM), durante uma visita perto de Goma, no Kivu Norte no leste da República Democrática do Congo (RDC). O ataque foi perpetrado por rebeldes hutus ruandeses, segundo o ministério do Interior da RDC.

Este é um dos muitos exemplos das dificuldades que o Estado central congolês tem em impôr ordem e tranquilidades públicas no seu território. Aliás, basta lembrar que após a independência, o Congo viu-se rapidamente confrontado com a secessão catanguesa, uma tentativa separatista do território. Hoje depara-se com agitação guerrilheira em vários pontos do país, não sendo possível exercer um governo efectivo em todo o território. Aliás, na administração Trump que abandonou recentemente o poder nos Estado Unidos, havia alguns responsáveis que defendiam a divisão do Congo em países mais pequenos, de certa forma como a UNITA e os EUA no passado “namoraram” a criação de uma Angola do Sul.

Angola não pode ser o Congo, em nome de falsos conceitos de democracia ou de consensos hipócritas. Não pode abdicar de controlar o todo do território e dar azo a rápidas insurreições e separatismos. As pulsões separatistas estão a ser fomentadas do exterior pelos inimigos de Angola, e se o governo não for firme, corre o risco da congolização.

O risco da congolização de Angola é tanto maior quanto agora ocorre um processo de abertura política e económica do Presidente João Lourenço aliado ao combate à corrupção. Se o governo angolano não mantém a sua firmeza e controlo do território, depressa se poderá estabelecer a maior anarquia.

Por isso, a morte infausta do Embaixador italiano da RDC deve ser um alerta para Angola. Um aviso para o governo que não pode deixar as situações descambarem e fugirem ao controlo.