Activistas engolidos pela UNITA

ByTribuna

16 de Fevereiro, 2021

Há uns anos contavam-se pelos dedos das mãos os activistas angolanos que lutavam pela democracia e direitos humanos. O seu destino habitual era a prisão, a vigilância permanente e a ameaça de morte.

Hoje, floriram activistas como cogumelos num dia de chuva nas florestas europeias. Em cada canto há um activista, ou uma organização dos direitos humanos. Isso até seria um bom sinal pois representava uma nova consciência na sociedade civil e uma protecção reforçada dos direitos humanos.

Contudo, se no início este activismo novo foi bem-vindo, e até se justificava pelas dificuldades económicas e sociais que a população atravessava, o que se foi vendo é que os activistas acabaram por se encostar à UNITA ou ser absorvidos por esta. Hoje o activismo é essencialmente político e conduzido pela UNITA.

Isto representa uma modificação da forma de luta da UNITA. Depois de 2002, pareceu que a UNITA embarcou no processo democrático e adoptou as fórmulas do processo democrático, sendo uma leal oposição. Agora, as coisas mudaram, a UNITA voltou a optar pela guerrilha. Neste momento, a UNITA pratica uma guerrilha digital, mas já com laivos de insurreição urbana.

Quer isto dizer que a estratégia da UNITA já é dupla, por um lado mantém-se como oposição democrática, mas por outro fomenta a insurreição através dos activistas e das redes sociais. Aliás a intervenção nas redes sociais vê-se que é articulada e profissional, e não espontânea. Há uma nova (velha) UNITA a querer derrubar o governo nas ruas e por meios não constitucionais.

A pergunta que fica é, qual o destino desta UNITA que renega as recentes tradições democráticas e re-envereda pela luta anti-constitucional?