Angola – 2020 Annus Horribilis no Galo Negro

ByTribuna

11 de Dezembro, 2020

Foi efémera a auréola de Adalberto Costa Júnior na liderança do Galo Negro. As últimas dizem-nos do desnorte e da aflição em busca de franjas que assegurem a existência. Vale tudo pela liderança, dependência basista da Ala belicista do Partido e cedência na dependência económica a elementos bem identificados do grupo do ex-Presidente José Eduardo dos Santos.

Traído pelo seu próprio veneno, a fobia consequente do seu egocentrismo, vulnerabilizou-se nas suas fragilidades políticas e intelectuais, numa altura em que novos Partidos parecem emergir liderados por Florbela Malaquias e Dinho Tchingundji, arrastando com eles jovens e eleitorado feminino em grande escala. Isto numa altura em que a Luta Nacional contra a corrupção pode começar a pedir contas à UNITA, que até hoje ninguém sabe da herança de Jonas Savimbi nem das receitas provindas do garimpo em grande escala no Bié e no Cuando Cubango. Há ainda as famílias à espera dos restos mortais dos seus entes queridos assassinados na Jamba durante e depois da liderança de Jonas Malheiro Savimbi.

Também nestes últimos dias, Manuel Vicente, através do seu advogado Rui Santos, Isabel dos Santos, através do seu advogado Marco António Costa, e o próprio ex-Presidente José Eduardo dos Santos via embaixador Martins da Cruz, declinaram qualquer acção conjunta ou em parceria táctica com a UNITA em Angola, deixando para posturas pessoais qualquer envolvimento do general José Maria, do general Kopelipa ou do general Dino.

Também Abel Chivukuvuku, em entrevista a um Canal Televisivo português, afirmou que não coloca em hipótese alguma o seu regresso à UNITA, mais adiantou que a sua relação com Jonas Savimbi em 2002, imediatamente antes da sua morte, já tinha algumas complicações, aliás o que aconteceu sempre com os representantes do Partido em Washington e Nova York. Embora chocado com o bloqueio à criação do seu novo Partido, Chivukuvuku realçou a sua grande amizade pessoal e política com Fernando da Piedade Dias dos Santos (Nandô).

João Lourenço ganhou fôlego internacionalmente. Sabemos que a velocidade da Justiça não é a da política, mas o arresto de bens de Manuel Vicente, Kopelipa e Dino, logo de seguida de toda a vigarice dos (AAA) de Carlos São Vicente (genro de Agostinho Neto), deram força à ideia de que a mudança se instala cada vez com maior profundidade.

A crise Pandémica e o seu confinamento anularam uma série de iniciativas desenhadas para inspirar uma convulsão social ameaçadora.  Uma série de acções concebidas ficaram pelo caminho e o desânimo é crescente, e como o tempo irá revelar,o Galo Negro não está a preparar-se para as Eleições Autárquicas, e a dúzia de nomes jurássicos de que dispõe não chegam para colmatar o que perderam.

Adalberto da Costa Júnior anseia ser candidato a Benguela, disso já deu conta aos líderes locais do partido, não sendo despiciendo o facto de ser a cidade onde durante um período da sua juventude militou no MPLA, quando se deslocou de Quinjenge para Ombaka em 1976.

Outro caso que está a levantar alguma celeuma no exterior é o facto de estarem a prometer aos delegados no estrangeiro o cadastro como militares para que tenham acesso a uma pensão de Reforma. Este processo está a ser comunicado por Rafael Savimbi, mas executado pelo general Kalamalta Numa.

Para finalizar hoje, de salientar que à terceira tentativa de visita à Europa e Estados Unidos, Adalberto Costa Júnior nota indiferença por parte de interlocutores. Para além da crise COVID, nota-se à tona uma grande falta de prestígio e projecção política do líder do Galo Negro.

Kuma