A ambição de Higino vem de longe

ByKuma

4 de Julho, 2025

Higino Carneiro começou por soltar a sua ambição presidencial quando, internacionalmente montou uma equipa que o promoveu como o militar detentor da estratégia militar, vencedora no conflito no Cuito Cuanavale. Contou com o silêncio dos ex-colegas da Mocidade Portuguesa, no Huambo, muitos deles quadros proeminentes da UNITA, nomeadamente Lukamba “Miau” Gato, em Paris.

Posteriormente avançou camufladamente contra a liderança de José Eduardo dos Santos, investiu no Recreativo do Libolo, entrou num processo de alta corrupção como ministro de Reconstrução, com a apropriação de verbas monumentais repartidas com o escritório de arquitetura sul-africano, liderado por um arquiteto português que residia em Luanda, em Alvalade, no tempo colonial, e que fez as obras de requalificação da Marginal de Luanda.

Foi uma fase áurea do saque, investiu num grande aviário perto de Cambambe, ficou insolvente por péssima administração, e atingiu o apogeu do seu enriquecimento com a realização do CAN 2010. Mas foi com a construção do Hotel Garden, junto ao estádio 11 de Novembro, que José Eduardo dos Santos, o chamou, avisado que estava das reais intenções de Higino Carneiro, que o embaixador Boaventura Cardoso reportou a partir de Paris. Zédu, para não criar grandes fissuras no MPLA, colocou-o no Cuando Cubango e no Cuanza Sul, onde se tornou proprietário de um património colossal, desde hotéis, fazendas a pescarias em Porto Amboim.

É desde aqui que deixou de ser um dos homens de proa de José Eduardo dos Santos, que o próprio Banco Keve começou a ter problemas. No entanto o seu património na Europa cresceu sempre, bens imobiliários em Paris, onde até comprou um apartamento para o seu amigo e gestor dos seus bens em França, Rui Legot, e outros bens em Portugal onde constam hotéis e a tentativa de compra do Clube de Futebol Os Belenenses.

No momento em que apresenta a sua candidatura à liderança do MPLA, sabe que tem na retaguarda os proscritos, corruptos, e os oportunistas como o senhor Helder Pitta Grós, Carlos Feijó, e mesmo a simpatia dos tais amiguinhos do Huambo da UNITA.

É perfeitamente natural este avanço de Higino Carneiro, poderia ser outro qualquer órfão de José Eduardo dos Santos, até as maninhas Isabel e Tchizé dos Santos, vão engolir elefantes para alimentar o ódio a João Lourenço, todavia, a maior desgraça para Angola, seria o regresso a um passado tenebroso, seria o renascer de todos males que João Lourenço tem vindo a eliminar desde 2017, mas que tem encontrado nas trincheiras demasiados obstáculos.

Urge colocar nas prioridades da defesa do Estado, todos os instrumentos de manutenção da Democracia, já são várias as frentes em ação, outras por omissão, que jogam todas as armas na busca do Poder, é preciso músculo e resiliência, e muita atenção aos disfarces, temos grilhetas de ódio erguidas no cerco ao Senhor Presidente da República. São estas as consequências das falhas de alguns dos Poderes da República, uma Justiça tardia, é inoperante, e um Parlamento que persiste na teimosia de não ser nem carne nem peixe.

Ironia, Higino Carneiro, foi silenciado e ostracizado por José Eduardo dos Santos, e é na liberdade que João Lourenço tem imprimido no seu consulado, que o homem do Libolo encontra espaço para espraiar a sua impunidade e a sua grande ambição.

Nunca foi tão prioritária a Nova República.