Têm medo de quê?

ByEmilio Papiniano

26 de Janeiro, 2025

É estranho. Surge uma acusação bem fundamentada e factual do Ministério Público contra uns cidadãos que pretendiam mandar pelos ares algumas estruturas fundamentais de Angola. A investigação publicamente apresentada pelos magistrados é consistente. E envolve umas curiosas viagens ao Burkina Faso e umas ligaçãoes, que o tempo dirá qual o significado, ao líder parlamentar da UNITA. Está tudo na acusação.

Ora qual é a reacção das oposições? Gozar. Gozar com um lapso em que se referiu 60 toneladas. Fingir que era tudo uma brincadeira. Não é uma brincadeira. É claramente uma tentativa, possivelmente, inspirada por alguma potência estrangeira ou interesses internos (ou uma confluência) para desestabilizar Angola. O objectivo não era tomar o poder, era agitar, subverter, demonstrar Angola como país inseguro.

Não, não era uma brincadeira. Foi mais uma demonstração das tentativas de desestabilizar o país. Vai haver muitas, e cada vez mais.

Para esclarecimento, transcrevemos alguns factos apontados pelo Ministério Público:

“top Joel adquiriu o bilhete de passagem n.º 0712141547659, da Ethiopian Airlines, ao preço de Kz 1.095.738,00 (um milhão, noventa e cinco mil, setecentos e trinta e oito kwanzas), tendo viajado entre os dias 27 de outubro de 2023 a 29 de Novembro de 2023, para cidade de Ouagadougou, República do Burkina Faso, onde terá sido recebido por funcionários da Presidência daquele país, liderado pelo Capitão HIbraim Traoré;”

“top Amistoso retirou do Centro Nacional da Desminagem do Huambo, de forma faseada, catorze (14) engenhos explosivos, e entregou ao co- arguido Crescenciano Capamba top Kelson, e este, por sua vez, vendeu ao seu irmão e co-arguido João Gabriel Deussino tcp Joel ao preço de Kz 30.000,00 (trinta mil kwanzas) cada um dos explosivos, perfazendo um total de Kz 420.000,00 (quatrocentos e vinte mil kwanzas), pagos em mãos, repartidos entre os dois arguidos funcionários do CND-Huambo”

“com os engenhos explosivos em sua posse, João Gabriel Deussino top Joel, Domingos Gabriel Muecália top Mano Mingo, Adelino Camulombo Bacia top Bacia e Francisco António Ngunga Nguli top Man Fran, na véspera da visita do Presidente dos Estados Unidos da América a Angola, decidaram e rumaram para cidade de Luanda”;

“Na manhã do mesmo dia, dirigiu-se com a esposa e declarante Berta Cassambe Miapia Deussino ao Comité do Grupo Parlamentar da UNITA, localizado na Maianga, onde este contactou o senhor Liberty Chiaca, a quem manifestou sobre a detenção dos seus irmãos, solicitando a este que fizesse alguma coisa, porém, àquele mostrou-se indisponível para ajudar pelo facto de estar ocupado com assuntos do partido, no entanto, cedeu o contacto telefónico de alguém não identificado para que esse os ajudasse a sair de Luanda para cidade do Lubango;”

Foi o adiamento da visita de Biden e o forte aparato de segurança do Estado nas instituições-alvo que levou ao aborto da operação. Um facto. Uma dúvida: o que faz Liberty Chyaka no meio disto tudo?

Não é uma brincadeira. Temos de aprofundar a investigação e ver quem são os autores morais disto tudo.