Por vezes a história chega a um momento zero em que é necessário recomeçar tudo, de novo.

É evidente que a história de Angola chegou a esse momento. O respeito pela Paz assinada em 2002, a adequação dos partidos políticos ao tempo actual, a crença numa Constituição de progresso, tudo isto desapareceu. O que vemos hoje é uma tentativa diária de abalar a paz e a ordem, uma completa disfuncionalidade dos partidos políticos, o constante apelo à subversão da democracia representativa e da ordem constitucional.

É um momento zero. O momento de abandonar velhas formas e fórmulas e criar algo de novo e que corresponda aos anseios da população e da nação.

Um passo necessário é o da refundação do partido do governo como um partido aberto, moderno e de progresso. O apelo do MPLA tem de ser re-equacionado, uma refundação do partido é a tarefa fundamental.

Outro passo importante é uma nova lei fundamental, que assegure o desenvolvimento do país com confiança e estabilidade, e também contenha mecanismos de defesa da ordem e da autoridade do Estado.

A luta contra a corrupção tem de ser aprimorada com novos instrumentos focados, fora do sistema lento e labiríntico e a reforma da economia, no sentido simultâneo do mercado livre e da protecção da agricultura e indústria angolanas, tem de ser revigorada.

Sumariamente, este é o momento zero para recomeçar o país. Se tal não acontecer, o certo é que as forças da anarquia, da subversão, do caos, vencerão, e aí, a tragédia baterá à porta.