A muitos a afirmação de Isabel dos Santos que quer ser candidata a Presidente da República de Angola soou como brincadeira ou alucinação semelhante à que sofre Tchizé. Assim, a loucura do irrealismo seria algo congénito na família.

Há uma ilusão patética nas afirmações de Isabel, mas também há uma racionalidade cega da própria. Essa racionalidade é que ela se vê como Lula no Brasil, apostando num renascimento das cinzas. Recorde-se que Lula chegou a ser condenado e cumpriu pena de prisão, acabando por ser libertado, não por ser inocente, mas por razões formalísticas do processo penal. Depois disso, concorreu e venceu agora as eleições à Presidência do Brasil.

Isabel acha que vai fazer o mesmo. Aposta na letargia da PGR combinada com as leis da amnistia para se safar dos processos e aparecer congregando os descontentes do MPLA com os descontentes da UNITA para ganhar as eleições. Lembremo-nos que a constituição que os juristas do pai fizeram ( e que hoje fingem nada ter a ver) permite que alguém ganhe as eleições mesmo não tendo maioria absoluta. Basta ficar em primeiro. Portanto, dividindo votos do MPLA e da UNITA, Isabel aposta na vitória.

Assim, o fundamento do raciocínio de Isabel é simples: o processo contra ela cai por motivos técnicos e o seu dinheiro compra a divisão de votos permitindo uma vitória eleitoral.

Obviamente, que tudo isto não vai acontecer, porque a letargia da PGR acabou e o processo criminal é grande demais e está internacionalizado, existe em Angola, Portugal e Holanda, pelo menos. Assim sendo, não há possiblidade de acabar. Pode acabar em Portugal e continuar em Angola e Holanda, ou qualquer outra hipótese. É um processo criminal enorme com vida própria que Isabel não consegue controlar, nem ninguém.

Quanto à popularidade dela, é uma ilusão, como a de Tchizé. No fim do dia, todos sabem bem que Isabel é das principais responsáveis pela calamidade nacional, a sua popularidade é nula, não passa dos trolls e robots das redes sociais.

Isabel não é Lula, o processo criminal contra ela tem uma dimensão universal nada comparado com Lula e a sua popularidade nada tem a ver com Lula. Estamos na pura ilusão e desafio às autoridades legítimas, desafio que tem de acabar.