Depois da rendição às benesses estatais provenientes das instituições em que participa, o bacharel Adalberto dá mais um cambalhota, qual trapezista em equilíbrio precário. Agora vem anunciar que, afinal não reconhece os resultados eleitorais e vai combater o governo “dentro e fora das instituições”. Mais do que isso, diz que o Executivo pratica “terrorismo de Estado” e volta a falar de fraude eleitoral, depois de ter dito que não havia fraude.
Bem se vê, que o bacharel sentiu o tapete a fugir-lhe debaixo dos pés. Na Unita a contestação à sua liderança existe, os activistas afastaram-se, as manas Santos fogem, e os credores apertam. ACJ só teve uma alternativa, voltar a incendiar os ânimos, promover a revolução e assim cavalgar, de novo, a onda.
O bacharel só sobrevive na ameaça da insurreição. Não tem espírito democrático. Está a usar as instituições para as subverter e derrubar.
Esta estratégia de lutar contra o governo “dentro e fora das instituições” levanta graves problemas a uma democracia ainda em consolidação como a angolana.
Até que ponto se pode tolerar um partido dentro das instituições, cujo objectivo central é derrubar essas instituições?
Como reagir a quem não reconhece resultados eleitorais, não reconhece tribunais, não reconhece o Estado, mas ao mesmo tempo beneficia de todas as benesses desse Estado, toma posse na Assembleia Nacional, no Conselho da República, etc?
Há aqui uma esquizofrenia política de difícil tratamento. Ilegalizar a Unita por não respeitar as regras do jogo? Acusar Adalberto de sedição? A resposta não é fácil num quadro democrático, mas é exigível que esta duplicidade não continue. Não pode haver um partido para quem vale tudo, dentro e fora das instituições (repete-se).
A PGR devia investigar nos termos da Lei dos Partidos Políticos estas declarações de Adalberto e ver se não violam claramente essa norma fundamental e não acarretam a dissolução da UNITA pelo Tribunal Constitucional.