Nas passadas eleições, é sabido que a Unita-ACJ apresentou o caso da Zâmbia como a alternativa para Angola. As loas ao Presidente Hichilema foram uma constante, por contraste com a política de João Lourenço.
Pela nossa parte, sempre defendemos que Hichilema iria seguir, no essencial, o que João Lourenço estava a fazer em Angola e receber as mesmas críticas injustas.
A história recente vem-nos dar razão.
Neste momento, o presidente da Zâmbia, Hakainde Hichilema, está a tomar medidas de austeridade numa tentativa de desfazer uma década de decadência económica, tal como Lourenço fez em relação a JES.
Apesar de ser elogiado pelas reformas drásticas, a maioria dos pobres da Zâmbia está descontente com as condições de vida mais duras.
A verdade é que Hichilema desde que assumiu a presidência e embarcou numa missão para revitalizar a economia com a ajuda do FMI. O impacto persistente das políticas de empréstimos opacas realizadas anteriormente e da corrupção, deixou a Zâmbia altamente endividada, tal como Angola.
Não restou alternativa à Zâmbia senão um acordo de USD 1,4 mil milhões com o FMI, anunciado em Agosto de 2022, que foi amplamente saudado como um passo crucial para reestruturar a dívida pública do país, que totalizava USD 27 mil milhões (perto de 115% do PIB) no final de Junho.
Tal acordo permitiu que a Zâmbia desse os primeiros sinais de recuperação económica, superando sua primeira recessão em 23 anos.
Simultaneamente, Hichilema aumentou dramaticamente os fundos públicos destinados a todos os 150 distritos eleitorais em cerca de 1.500%. “Estamos a retirar o dinheiro do centro onde estão os grandes ladrões em Lusaka e a levá-lo aos círculos eleitorais”, disse o presidente.
Contudo, por mais que os economistas estrangeiros tenham elogiado amplamente as recentes reformas económicas da Zâmbia, as medidas de austeridade ditadas pelo FMI deixaram 54% da população – que vive com USD 1,90 por dia – lutando ainda mais para sobreviver. O que se queixam é que as coisas estavam mal antes, mas agora estão piores.
A situação estava ruim no passado, mas agora as coisas estão piores, afirmam muitos populares.
Em Outubro passado, o governo restabeleceu o imposto sobre valor acrescentado (IVA) e o imposto especial de consumo sobre produtos petrolíferos. Isso elevou os preços da gasolina e do diesel, que subiram cerca de 72% nos últimos 11 meses.
As recentes reformas da Zâmbia afectaram muitas empresas que se queixam da falta de procura e de movimento. Os empresários dizem que estão a sofrer muito. “A situação estava mal antes, mas agora está pior, não temos ninguém para comprar nossos produtos, mas temos que pagar nossos trabalhadores e também alimentar nossas famílias”, dizem.
A verdade, é que tal como Angola, a Zâmbia enfrenta décadas de má governação que não se resolvem num dia, nem sem sacrifícios e uma longa caminhada.
A luta da Zâmbia é a luta de Angola, para um país em progresso, sem corrupção e com uma economia livre de mercado.
Até lá chegar há um caminho duro, que não se faz com “cantos de sereias”, mas com determinação e empenho.