O espanto não pode ser maior. Aqueles que durante anos, mesmo décadas, construíram o sistema de estado corrupto, o defenderam nas academias, nos tribunais, nos foros intelectuais, na imprensa e mais do que tudo, foram elaborando o edifício jurídico que permitiu a roubalheira, sendo professores, juristas ou juízes, ou tudo isso, vêm agora fazer de virgens puras e invocar princípios de direito que nunca aplicaram e nunca seguiram.
Num dia defendem a despartidarização do estado, quando lá estiveram usufruindo durante anos da partidarização, noutro dia criticam o ensino superior angolano, quando foram dos principais mentores do mesmo, noutro dia ainda criticam o sistema judicial de que fizeram parte, e por aí adiante.
De um modo geral, invocam o Estado de Direito, os Direitos Humanos, a Constituição. Tudo aquilo que atropelaram durante anos a fio serve agora como bandeira. São os novos puristas. Evangelistas do arrependimento, anjos de asas brancas que retornam ao céu da beatitude.
O problema é que estas lindas palavras, estes princípios do céu, esta virgindade alvinha, só aparecem agora como forma de ataque ao Presidente João Lourenço. Por detrás destas palavras cantadas, apenas e só está um ataque constante às reformas que lhes tiraram as benesses e acabaram com a roubalheira. Tudo o que que não viram durante 20 anos de saque, vêm agora, tudo porque não lutaram durante 20 anos, lutam agora.
As palavras de mel são armas para travar o progresso de João Lourenço. Armas dos seus supostos aliados e confrades. Não nos deixemos iludir por falsas conversões à pureza. O que está em curso é a tentativa constante de deslegitimação da vitória eleitoral.