Os efeitos colaterais da campanha política que ontem terminou, revelou-nos profissional e intelectualmente façanhas e posturas que obrigam a uma reflexão futura, sob pena de um desvirtuamento da democracia e da desvalorização das eleições em si mesmas.
O jornalismo como escrutinador da sociedade num todo, desvirtuou o seu papel, deixou de informar, opina repetida e tendenciosamente, o mérito e a deontologia foram preteridos pelo servilismo obediente e dependente, papel que só alienados escalam, transformaram o jornalismo sério, honesto, imparcial, quase num absurdo.
Os jornalistas e comentadores portugueses foram caóticos, indecentes, a similitude do discurso demonstrou a dependência estratégica e a idiossincrasia dos mandantes, são fazedores de opinião vesga, enviesada, são mentes que ecoam pressupostos elaborados em formação preparatória, são uma seita ignóbil sem brio nem verticalismo profissional, são intelectualmente resquícios e uma chusma residual de um jornalismo que tanto fez, no passado, pela democracia e pela liberdade.
Associado a este jornalismo e aos paineleiros de sarjeta, surgiram as redes sociais digitais. É uma conquista comunicacional da humanidade, uma maravilha planetária, mas vulnerável ao diabolismo criminoso, arrastou males e descontrolou epidemias, banalizou autênticas chagas como a pedofilia, exploração sexual, mas sobretudo tornou-se veículo de fundamentalismos e totalitarismos, uma arma do terrorismo internacional, onde o capital selvagem desempenha papel preponderante.
Angola como país livre e democrático tornou-se frágil e foi acossada antes e durante a campanha, por uma orquestração cibernética agressiva e insultuosa, felizmente o Estado não se intimidou, e o candidato presidencial João Lourenço nunca alterou a sua postura serena e determinada, mas o corrupio dos salteadores foi algo que merece atenta reflexão pós-eleitoral.
Falsas interpretações podem metamorfosearem-se em calúnia, sobretudo quando se tenta comparar o incomparável. O meu amigo e ilustre cidadão da Caála, Vítor Ramalho, afirmou na RTP que quando da morte de João Soares, pai de Mário Soares, este teve autorização de Marcelo Caetano para se deslocar de Paris a Lisboa para assistir ao funeral do pai. Acontece que o ex-Presidente da República era, então, um refugiado político ao contrário de Tchizé e Isabel dos Santos, ambas fugidas da justiça angolana por presumíveis crimes, elas podem regressar a Angola quando quiserem, são politicamente livres.
O cidadão angolano, na sua modéstia e pacatez, observou e apoiou na hora e local certos, a ética, moral e probidade política de João Lourenço, não se deixou instrumentalizar pelo jornalismo e activistas avençados e prostituídos, talvez depois das cinzas da fogueira que atearam, corram atrás da confissão aos padres e bispos ou aos feiticeiros dos primatas, em busca de salvação.
8 serenamente.