Moco tem querido erguer-se como um dos intelectuais da UNITA-ACJ. Não deixa de ser estranho que o antigo prócere do MPLA se vista com casaco novo, mas é o que é.
Contudo, o que aborrece neste trânsfuga não é ter mudado de partido, é o intelectualismo balofo e imperscrutável que trouxe consigo. A maior parte das vezes não se percebe o que Moco quer dizer.
Agora parece que há uma nova moda na estratégia da UNITA-ACJ que Moco vem atabalhoadamente explicar. Eles já não querem ganhar as eleições. É isso que quer dizer o poder “conquista-se”. Claro que se conquista por vitórias eleitorais.
Segundo Moco, e outros iluminados, o poder é à vez. E agora decidiram que é a vez da UNITA-ACJ. E é a vez da UNITA-ACJ porque esperam voltar a ter as vantagens e benefícios que tinham no passado quando debaixo do manto da corrupção.
Para isso, inventaram uma nova palavra de código” transição”. Transição quer dizer que sem eleições o MPLA cede o poder à UNITA-ACJ e seus comandantes de longe. É isto que Moco diz.
Nunca se viu em Portugal andar a negociar o poder com o adversário, ao contrário do que Moco diz. Veja-se bem o que fez António Costa a Passos Coelho em 2015. Este último até ganhou as eleições, mas Costa foi mais esperto e conquistou o poder através da maioria que forjou na Assembleia da República.
Ninguém negoceia com o adversário político para alcançar o poder. A democracia é por definição adversativa, de um lado uns do outro lado, os outros. O povo vota e escolhe.
É evidente que as cabeças supostamente pensantes da UNITA-ACJ já perceberam que vão perder. Primeiro, utilizaram a estratégia de gritar fraude todos os dias, agora inventaram a “transição”, querem uma oferta de poder.
Tem-se tornado evidente nos últimos dias que Adalberto e a sua UNITA não estão ao serviço de todos, mas sim da velha clique que quer retomar o poder à força e inventa tudo para afastar o actual governo, até uma suposta transição previamente negociada.
Não há transição, como não há negociação. Tal seria uma traição à vontade do povo e aos progressos feitos nos últimos anos que só não vê, quem não quer.