Saindo da sua contenção evangélica, alguma parte da Igreja Católica angolana resolveu interferir fortemente nas eleições de Agosto, colocando-se visivelmente do lado da Unita e tentando congregar uma espécie de frente da oposição.
Não vamos discutir os fundamentos bíblicos e teológicos, ou mesmo doutrinários, para tal posicionamento político desses membros da Igreja Católica. Se o fazem é porque podem.
Mas vamos alertar para os perigos em que a Igreja está a incorrer ao perder a sua neutralidade e alinhar com forças partidárias.
O primeiro perigo é de ser considerada cúmplice em eventual sublevação ou violência eleitoral. A igreja africana tem um historial triste de violência, ainda há poucos anos vivido no Ruanda em que vários padres e freiras foram condenados por tribunais por terem incitado massacres genocidas. Em Angola, a igreja pode ver-se como estando a incitar a desordem, a fomentar o confronto violento. Em vez de pregar a paz e harmonia, temos uma igreja com a espada numa mão e a cruz noutra. Vai dar mal resultado.
Além disso, ao confrontar a Constituição e as instituições do Estado, a igreja está a colocar-se fora da sua protecção, podendo acabar por perder os seus benefícios ao deixar de ser uma força espiritual e tornar-se uma força terrena.
Só vai sair tristeza para as mulheres e homens da igreja católica, com este alinhamento de alguns bispos e padres com a Unita.