Um grupo de dinossauros rejeitados e ressabiados, alienados aos investidores especulativos que procuram desesperadamente renovar o saque em Angola, foram instruídos para levarem ao colo, numa ação clara de culto de personalidade, o líder da UNITA ACJ “Bétinho”.
Pensar Angola é um hino ao disfarce com objectivo de recuar o país para tempos idos, a agenda está estampada de banalidades que, nas entrelinhas, nota-se o propósito de alterar a Constituição da República onde se consagrem princípios e valores que fragilizam a consumação da influência externa, senão vejamos os sinais retrógrados preocupantes que podem cercear a liberdade dos cidadãos.
A peça é extensa e obedecendo aos propósitos definidos na pauta obrigatória, começa, num Estado Laico, com uma missa católica apostólica romana, numa clara subjugação ao clero, que não esconde o ímpeto monopolizador da religião. É um insulto, uma afronta, à liberdade religiosa quando a história nos mostra os símbolos católicos como força motriz da colonização e da escravatura.
A implantação autárquica assente numa anarquia é uma forma de criação de feudos, incentivar separatismos vulneráveis a interesses externos, fazendo do território uma manta de retalhos a exemplo da RDC, e é também, uma forma de desresponsabilizar o Poder Central na capacidade de governação.
A revisão constitucional é um dos objetivos claros de ACJ “Bétinho”, ele desconfia cada vez mais da UNITA, chama mesmo de “grupo de matumbos” nos seus contactos internacionais, precisa de instrumentos que perpetuem o poder sem dependência partidária, ele sabe que os dinossauros que o acompanham nesta jornada, pessoalmente, nada pesam em votos.
É cada vez mais notório o seu apelo à diáspora, melhor do que ninguém sabe que não tem quadros em Angola no seu rol de apoiantes, e sendo esta Ópera uma calçadeira para formatar a sua vacuidade, é estranho, também, que esteja a planear uma viagem à Europa nas mesmas datas, táctica do disfarce e da vitimização.
No meio de tanta algazarra e tanta verborreia, não sobressai uma proposta de governo, uma ideia clara para o futuro, o Pensar Angola surge no momento em que se sepultou a FPU e se silenciaram vozes sonantes do Galo Negro, nada que seja uma surpresa, como surpresa não será o que está para vir, os sinais são cada vez mais reveladores que a não haver um travão, caminhamos para uma convulsão social porque a UNITA, calaramente, não quer eleições. Temo que esta mensagem cada vez mais intensa de ACJ “Bétinho”, a não ser silenciada, possa vir a influenciar o investimento externo e agudizar a situação social no país.
Creio não enganar-me, no final da Ópera Bufa, em apoteose detalhadamente ensaiada, aplaudirá em uníssono a estrela do palco de Viana, ACJ “Bétinho” confundindo a plateia com o Povo, dará o primeiro grande passo para a desgraça.
Amanhã – Ópera Bufa 2