O circo ucraniano

ByKuma

24 de Fevereiro, 2022

A hipotética superioridade democrática e simultaneamente capitalista sente-se hipocritamente ameaçada pelas suas fragilidades que geram dependência e cumplicidade. A Europa subestimou o potencial político, monetário, cultural e militar da Federação Russa, e ignorou a autoridade de Vladimir Putin.

Desde 2008 que a NATO ignorou promessas e alargou o seu raio de ação no Báltico e até à fronteira ucraniana através da adesão da Roménia, e numa atitude hostil, convidou a Ucrânia a aderir ao Tratado pró-americano.

É sabido que o Tratado de Versalhes humilhou os alemães e permitiu o surgimento de Adolf Hitler, eleito Chanceler alemão democraticamente, tendo como bandeira o orgulho e a dignidade dos germânicos. Com o comportamento sucessivo dos últimos tempos da NATO, parece que a lição foi esquecida ou ignorada, e aí estão as consequências.

A Rússia é uma potência nuclear poderosa, militarmente seria um suicídio afrontá-la, e as sanções anunciadas podem ser o veneno para a própria Europa colapsar. A Rússia suprime a venda do Gás à Europa com vendas à China e Índia, e financeiramente não é tão dependente como querem fazer crer à opinião pública capitalista, Moscovo tem uma dívida pública de 20% do PIB, mas tem reservas líquidas no valor de 40% do PIB, além de deter a maior reserva de ouro da Europa.

Especialistas falam mesmo no colapsar de instituições financeiras europeias e até americanas, sobretudo na City londrina, por bloqueio das transações russas, sabendo que a maior economia europeia, a Alemanha, depende de 40% da sua energia oriunda do Gás russo.

Hoje mesmo as bolsas europeias fecharam todas em queda acentuada, e a tendência deve continuar nos próximos tempos de incerteza, até porque o nacionalismo imperial russo intensifica-se e Vladimir Putin fica em posição de força para enfrentar os líderes de plástico que vacilam na tempestade europeia.

É verdade que à luz do Direito Internacional a invasão militar da Ucrânia deve ser condenada, mas a voracidade pró-americana da NATO parecia só terminar com a humilhação da Rússia, que serviria para ocultar o fracasso da governança europeia, cada vez mais endividada, com todos os países com dívidas acima dos 100% do PIB.

Esperemos que África aproveite os seus recursos, crie regimes musculados para enfrentar a crise, e com inteligência se transforme num espaço de progresso e de futuro, é nesta fase de exceção que surgem oportunidades de integridade, dignidade, desenvolvimento, e na adversidade planetária se priorize e reforce a Unidade Nacional.

A ver vamos…!!!