O saque antecipado

ByKuma

24 de Fevereiro, 2022

Para os observadores atentos e que acompanham as peripécias do contorcionismo do Galo Negro, causou estranheza a ostracização da eminência parda dos kwatchas, o general Lukamba Gato. Na hora da verborreia propagandística notaram-se ausências, e o ACJ Betinho não se conteve e como puro megalómano antecipou-se e fez um hino à irresponsabilidade e à tirania. Ainda assim, as suspeitas recaíram quando o capataz Marcial Dachala, o sipaio dos déspotas, seguiu a linha do silêncio dos nomes dos patrões, enquanto o demagogo que anunciava o Programa de Governo da FPU clandestina, mas logo de seguida teve de bajular os financiadores com compromissos de impunidade e cumplicidade para o regresso ao passado.

Mas o mal-estar tinha uma razão mais profunda, ACJ e o seu núcleo restrito pessoal, na viagem demorada de recolha de fundos da reciprocidade dos compromissos assumidos, não prestou contas a ninguém e apresenta-se em público em manifestações sumptuosas, impressionantemente caras, e já se fala em contas offshore nas Ilhas Caimão e no Liechtenstein. Também Chivukuvuku não foi convidado, embora na altura da morte de Jonas Savimbi fosse um próximo do líder, e entende, também, que os fundos deveriam reverter para promover a FPU.

ACJ Betinho anunciou também a intenção de uma Constituinte, e focou a eleição do Presidente direta e unipessoal, porque gostaria de mandar a UNITA às malvas e candidatar-se pela igreja monopolista de Roma e do capital especulador e subversivo. Para tal anunciou o perdão aos marimbondos que saquearam o país, prometeu-lhes as empresas de volta, e permitir que o dinheiro roubado aos angolanos sirva para os tornar donos do património empresarial do Estado a privatizar, à conta disso já tem Isabel dos Santos, Manuel Vicente, Leopoldino do Nascimento, José Maria, Zédu e Tchizé dos Santos, os portugueses João Soares, Fátima Roque, a Igreja Católica e outros saqueadores em prontidão, com a premissa de que chegará ao Poder.

Para o Povo a estratégia é clara, andaram anos seguidos a prometer autarquias, e para entretenimento vão ser a bandeira da campanha, um mapa de autarquias falidas, desestruturadas e sem organigrama de competências e financiamento, um atabalhoamento tolo de patetas para idiotas úteis.

É este ACJ Betinho que está a fragmentar a UNITA/FPU a olhos vistos, no palco á mostra o rosto cansado, com a expressão de quem não acredita no que diz, um poço de contradições. Acusa deliberada e perenemente João Lourenço de interferir na Justiça, de controlar os Tribunais, e ele, o tirano impune, ultrapassa e condiciona os juízes com perdões políticos aos saqueadores do erário público.

Na UNITA já ninguém tem razão, a clandestinidade fez sucumbir qualquer legitimidade, do todo ou de fação, os moldes da sua existência são já de si uma aberração, é uma amálgama de traidores, oportunistas e arrependidos, sobreviventes de um passado sinistro e de um presente dependente de um regresso desastroso.