Mocando no Tempo

ByKuma

7 de Dezembro, 2021

Filho do soba do Chitue no tempo colonial, pertence a uma família matriarcal, sua mãe e posteriormente sua irmã, sempre decidiram as causas familiares, Marcolino Moco fez escola primária em Vila Flor (Ékunha), era afilhado do padre Nuno, e foi fazer o ensino secundário no Seminário de Nova Lisboa (Huambo), onde enraizou uma amizade e companheirismo com o general José Maria, ambos Umbundos de tradição católica, que cedo traíram ao alistarem-se no MPLA (comunista).

A postura política de Marcolino Moco foi sempre pró-colonial, é mesmo assimilado pela cultura portuguesa, não obstante ser um homem do trio que mais fez pelas raízes da angolanidade na Europa, conjuntamente com Boaventura Cardoso e Rui Mingas, claro pela via diplomática, porque Agostinho Neto, Pepetela, Bonga e Óscar Ribas, fizeram-no pela vertente política, poética, literária e científica.

Em Ékunha chamam-lhe “snob” e avarento, nada fez pela terra, pelos amigos, e até o sobrinho oficial das Forças Armadas, usando uma terminologia antiga, diz que o tio não é “carne nem peixe”. Ocupou uma casa na vila, capital da batata, que está hoje em ruínas, sem um único vidro inteiro, e vive distante envergonhado da família.

Sem fibra de liderança, como diz o regedor da Calenga e um ex-colega do Longonjo no Seminário, sempre foi introvertido e com um grande déficit de personalidade e determinação.

Isso mesmo revelou quando liderou a CPLP, eu mesmo assisti a várias conferências, uma delas num almoço na sede do CDS, no Largo do Caldas em Lisboa, onde afirmou que Angola estava incomensuravelmente melhor em todos os índices de desenvolvimento, no tempo colonial, para espanto de todos os presentes. Moco sustenta a sua vida, o seu ego, em valores materiais e mordomias, e assume uma identidade sem fronteiras, daí a vulnerabilidade ao acaso, ao momento, à previsibilidade aparente, e nesta altura já deve estar ao serviço activo do camarada José Maria.

É culto mas instável, intelectualmente capaz mas com incapacidade produtiva, tem amigos influenciadores em comum com a UNITA, está acantonado no perímetro racial do Galo Negro, teve professores partilhados com ACJ, daí este vacilar com os ventos de feição, mas na escala das preocupações não vale mais que um reparo, o peso político é escasso, nem na sua terra natal ganharia uma eleição.

É, no entanto, um influenciador externo, um animal subterrâneo que sub-repticiamente pode pela mentira e pela intriga, agilmente captada nos seminários, expelir veneno mortal com um sorriso nos lábios, chegou a Primeiro Ministro através da arte de governar de José Eduardo dos Santos, que sempre se rodeou de capatazes incapazes para materializar a satisfação do seu ego, embora para todos sobre apenas frustração.

Marcolino Moco está ao serviço de interesses que se movem no obscurantismo, propícios ao momento do pré-cataclismo, com a iminente e ilusória a pairar no desfile do folclore ruidoso, a possiblidade ACJ/FPU vai criando invertebrados e mesmo que tenha de agredir a quem lhe abriu a porta, Marcolino Moco estará na primeira linha.