A segunda bienal de Luanda “Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz”, decorre na capital de Luanda entre os dias 27 e 30 de novembro, tendo como principais impulsionadores a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), a União Africana (UA) e o governo de Angola.
Este evento que está a ser realizado num regime híbrido (presencial e online), visa sobretudo, promover a prevenção da violência e a resolução de conflitos, incentivando o intercâmbio cultural em África e o diálogo entre gerações.
Na abertura, o Presidente da República João Lourenço (JLo), lançou o mote, apelando para o diálogo permanente entre os africanos, pois esta constitui a melhor via para a garantia da paz permanente no continente africano.
Aliás, relativamente a este ponto, JLo salientou que é fundamental analisar as reais causas do clima de conflitualidade ainda reinante. Para isso, “temos que encontrar as fórmulas que nos levem a sair mais rapidamente da situação de incertezas e instabilidade com que nos deparamos”, afirmou. Assim, é necessário que todos se empenhem em impedir o eclodir recorrente de conflitos que, infelizmente vão ocorrendo pelo continente e que, naturalmente continuam a provocar instabilidade e constitui um forte entrave ao desenvolvimento.
O Chefe de Estado aproveitou a ocasião para destacar o exemplo angolano, um país que se viu envolvido num conflito armado que durou décadas, mas que almejou encontrar os caminhos para uma paz duradoura e estabelecer uma plataforma de estabilidade, que permite nos dias de hoje florescer com a construção de uma sociedade democrática, na qual prevalece o perdão, a reconciliação, a tolerância e o sentimento de solidariedade para com os povos. Por outro lado, JLo sublinhou que foi definida uma linha de conduta interna que impôs ao país a cultura da paz e da tolerância a todos os níveis da sociedade, para que o conflito armado ficasse definitivamente afastado. Ademais, o Chefe do governo recordou que o país tem vindo a aprender a lidar cada vez melhor com as diferenças, enquadradas num contexto democrático em constante evolução e aprofundamento.
O Presidente reconheceu também que, nem sempre é possível encontrar vias e meios para solucionar os problemas que são colocados aos Estados, devido a determinados contextos económicos, isto apesar de abundância de recursos. Estes, muitas das vezes estão inadequadamente colocados ao serviço do desenvolvimento nacional ou sujeitos às condicionantes do mercado internacional. Por isso, “importa sabermos identificar com objectividade as causas reais das nossas dificuldades, os caminhos a trilhar e os parceiros, verdadeiramente, interessados em apoiar o desenvolvimento de África”, alertou.
Esta nova edição da Bienal de Luanda é celebrada sob o tema da UA: “Artes, Cultura e Património: alavancas para construir a África que queremos”. A panóplia de convidados ilustres é diversa dos quais destacamos a presença de cinco chefes de Estado, nomeadamente, João Lourenço (Angola), Marcelo Rebelo de Sousa (Portugal), Félix Tshisekedi (RD Congo), Denis Sassou Nguesso (Congo) e Carlos Vila Nova (São Tomé e Príncipe). Referência também para a presença das vice-presidentes da Namíbia e da Costa Rica, que representa por orientação da UNESCO o seu país e a diáspora, pela ligação com a Região do Caribe, América Central e África.
Por último, destaque para o facto de ter sido anunciado que a Bienal vai realizar-se a cada dois anos, sob proposta da UA e da UNESCO, atendendo à grande experiência que Angola tem e os resultados que no âmbito regional e internacional sobre a cultura da paz.