Assistimos ontem a mais um exercício de show mediático de alcance medíocre, banal, vazio, contraditório e perigoso, e sempre com a colaboração da rua subversiva, é o ensaio de uma revolução oca, de um vedetismo balofo, com laivos de fragmentos de ideia e ideais manipuladores.
Ressaltam ignorância e propósitos de capatazes de coutada, passa-lhes ao lado a geopolítica, nota-se ausência de estratégia, e em política nua e crua, a estupidez megalómana de desvalorização do adversário, trilhos fatais para o desfecho final.
A Revolução de rua do Maio de 68, que arrancou pedras da calçada em Saint Michel e estilhaçou a Bastilha em Paris, espalhou o medo, semeou o pânico, e cantou vitória nas rua da cidade luz, espalhou-se até pela Europa e pelo Mundo, mas Charles De Gaulle Presidente desde o fim dos anos 50s, marcou eleições e venceu, o povo escolheu claramente a continuidade em detrimento da mudança, preferiu o realismo à ilusão lunática de um mundo incerto assente no ruído e na anarquia.
Em 2004 sondagens e toda a Comunicação Social dava José Maria Aznar como vencedor antecipado das eleições em Espanha, acontecimentos 48 horas antes das eleições, como o ataque ao comboio de Madrid, derrotaram-no e elegeram José Luiz Zapatero, e a Espanha mudou de regime.
Em Democracia não existem politicamente vitórias antecipadas, as eleições não se ganham com salas engalanadas, ganham-se com o Voto, e lá onde a UNITA sobreviveu, está gente que sofreu na carne a liderança do Galo Negro, sofreu sangue suor e lágrimas, e os shows de Luanda são meticulosamente preparados por gente formada no exterior, filhos dos marimbondos da UNITA, e por agitadores pagos que se vão enraizando e vão causar no futuro, muitos dissabores.
Vamos que João Lourenço proponha nas eleições a criação de uma Nova República, que dela possa nascer uma República Federativa com a criação dos Estados Unidos de Angola?
Pode João Lourenço enquanto soberano da República propor a eliminação dos governadores provinciais e nomear sob sua tutela Altos Comissários Provinciais na perspetiva da gestão autárquica?
E se o Governo estabelecer uma pauta aduaneira para importação de viaturas comerciais e 4×4 até 10 anos de idade para facilitar o desenvolvimento no interior dinamizando as trocas e amplificando a ligação do produtor ao consumidor, entrando numa lógica de crescimento do transporte maritimo e numa dinâmica crescente de receitas aduaneiras?
Ontem vimos um ACJ arrogante, tipo cão que não conhece o dono, em que arrasou os seus concorrentes no Congresso anulado, quase chamando-lhes de covardes. Pior ainda, perante este despropósito deselegante, assistimos a um general como Numa a arrastar-se como pedinte em troca de um lugar futuro.
Angola vai entrar num desafio monolítico depois do Congresso da UNITA, a provocação vai atingir limites inflamados, está claro que a FPU clandestina, não aceita derrota e ameaça a tomada do Poder, mas se o faz é porque já sabe como fazê-lo, com que meios, e é tarefa que não se faz só, o que pressupõe ligações externas que se eternizam no saque em África, e que ACJ tem contatos adiantados.
Hoje mesmo vamos ouvir a mensagem aos delegados da diáspora, maioria não lhe são afetos, notar-se-á a ausência dos filhos de Savimbi e a irmã de Samakuva, Florença, que é tradutora em Paris, mas em contactos directos individuais, ACJ pede para lançar a ideia de derrube do Governo pela força.