O meu Diretor, da Tribuna livre de Angola, pessoa bem formada, licenciado, pertencente à nova geração, despertou a minha memória e levou-me a viajar pelo mundo das boas intenções, mas também de generosidades falsas que perspectivavam diálogo franco e respeitoso, mas repetidamente traídas.
Vivemos hoje uma Paz podre, uma falsa reconciliação, ela assente em dois pilares, uma derrota militar e política, e de uma assimilação/alienação dos derrotados às mordomias dos fundos da política, que os atraiu a Luanda, e tornou a maioria em funcionários políticos.
Apostar na criação da (Agência Contra a Desinformação em Angola (ACODA), tem o mérito de lançar bases de diálogo e entendimento, todavia há que levar em conta que temos uma Oposição que não se renovou, está prisioneira de compromissos de sobrevivência, e que canaliza fundos de sustentação de meios de comunicação unilaterais, dentro e fora do País, e com penetrações inatingíveis, quer na religião, quer no próprio Estado.
Quantos Acordos de Paz foram assinados em Angola? No entanto, mesmo frágil, ela emergiu da morte de um líder, Jonas Savimbi, enraizadamente inadaptado, que previu o seu fim, porque sabia da traição crescente dos seus generais, e eles estão aí, valem apenas a herança do seu fundador, que até isso estão a escamotear.
Temos exemplos, Isaías Samakuva, sofre hoje em franjas da UNITA com Poder, o que João Lourenço, pela mudança, está a pagar no MPLA, o preço do diálogo e da vontade abertura do Partido e do Estado a novas gerações.
Dentro da liberdade editorial que muito prezo na Tribuna de Angola, permito-me ter dúvidas do êxito da criação da (Agência Contra a Desinformação em Angola (ACODA), é para mim, na minha limitação pensante uma Utopia, as redes sociais digitais não têm fronteiras, e é através delas que os cidadãos constatam a UNITA prisioneira de uma oligarquia déspota familiar, com a qual vivi, convivi, conheço os seus protagonistas, e ainda hoje sei de alguns objectivos que desejam alcançar.
Infelizmente ainda estão vivos ódios e divergências que os separaram mesmo na luta pela Independência, transportaram para a nossa Angola Independente, há ainda muitos depositários dessa herança, e combater a impunidade que nos fustiga é necessário, por exemplo, colocar gente capaz no Ministério Público, acabar com as cumplicidades inaceitáveis de PGR que consegue ilibar o seu primo Kopelipa, e que nunca soube agir no que concerne a Isabel dos Santos e outros corruptos, e também a ineficácia na recuperação de fundos do Estado, por leviandades processuais.
Contínuo, talvez por ignorância, mas de boa fé, prisioneiro do meu imediatismo face à velocidade do mundo, talvez persista nesta vertente até ao próximo Congresso do MPLA, mora aí a minha expectativa de mudança, porém urge uma Revisão Constitucional, é necessária uma Refundação do Estado, e os cidadãos devem ser protagonistas dessa mudança, para que com esperança aplaudam uma Nova República.
A Possibilidade Impossível

