A desinformação tornou-se um dos maiores desafios contemporâneos para qualquer democracia em consolidação (ou já madura), e Angola não é exceção. As chamadas fake news circulam com rapidez nas redes sociais e em alguns meios de comunicação, criando narrativas falsas que confundem os cidadãos, minam a confiança nas instituições e fragilizam o debate público.
É neste contexto que se torna urgente a criação de uma Agência Contra a Desinformação em Angola (ACODA), um organismo que teria como missão desmontar e contraditar notícias falsas, punindo quando necessário os responsáveis pela sua propagação.
A ACODA deveria ser concebida como uma estrutura mista, reunindo representantes do Estado, dos partidos políticos e dos meios de comunicação reconhecidos, para garantir legitimidade e pluralidade.
Ao mesmo tempo, deveria contar com o apoio de investigadores e jornalistas reputados, cuja experiência e credibilidade seriam fundamentais para assegurar que o combate à desinformação não se confunda com censura, mas sim com a defesa da verdade e da transparência. A incorporação de ferramentas de Inteligência Artificial seria igualmente decisiva, permitindo identificar padrões de disseminação de notícias falsas, rastrear a sua origem e agir com rapidez antes que causem danos irreparáveis.
A necessidade de uma agência como a ACODA torna-se ainda mais evidente quando se recordam episódios recentes de tentativas de manipulação externa, como as operações ligadas a grupos russos pós-Wagner, que procuraram explorar fragilidades internas para semear instabilidade.
Angola não pode permitir que campanhas de desinformação, organizadas dentro ou fora do país, comprometam a soberania nacional e a confiança dos cidadãos no processo democrático.
Criar a ACODA seria, portanto, um passo fundamental para proteger a liberdade de expressão e o direito à informação.
Ao contrário do que alguns poderiam argumentar, não se trata de limitar o debate ou de controlar opiniões divergentes, mas sim de assegurar que esse debate se faça com base em factos e não em mentiras fabricadas.
Uma sociedade informada é uma sociedade mais livre, e só com mecanismos eficazes de combate à desinformação será possível garantir que todos os cidadãos tenham acesso a informação verdadeira e equilibrada.
O esforço sério para acabar com a desinformação exige vontade política, cooperação institucional e envolvimento da sociedade civil. A ACODA poderia ser o espaço onde estas forças se encontram, criando uma frente comum contra a manipulação e a mentira. Ao desmontar e contraditar as fake news, e ao punir os casos mais graves, estaria a contribuir para um ambiente público mais saudável, onde a crítica e o contraditório possam florescer sem serem contaminados pela falsidade.
Angola precisa de uma agência que não apenas reaja, mas que também eduque e previna, promovendo literacia mediática e ensinando os cidadãos a distinguir informação credível de propaganda enganosa.
Só assim será possível construir uma democracia sólida, capaz de resistir às pressões externas e internas da desinformação. A ACODA seria, nesse sentido, um instrumento indispensável para garantir que a verdade prevaleça e que o futuro do país não seja comprometido por narrativas falsas e manipuladoras.

