Ódios ancestrais

ByKuma

22 de Novembro, 2021

Os ataques serrados de escárnio e maldizer da UNITA e suas hostes ao Presidente da República portuguesa Marcelo Rebelo de Sousa, é um tirocínio antigo como tantos outros que dão corpo ao que o Galo Negro é hoje em dia.

Jonas Savimbi era um homem de poucas afinidades, dava-se bem com o isolamento e com a tirania autoritária, a partir de 1975 teve um núcleo pró-português onde coabitavam Wilson dos Santos, Tito Chingunji, Jaka Jamba, Alcides Sakala, Sachiambo, Chindondo, Jorge Sangumba, Chilingutila, e o mais português de todos, João Baptista Tchindade (Black Powel).

Ao contrário o MPLA sempre teve afinidades e partilha com a Oposição portuguesa, estabeleceram-se mesmo laços familiares, da Casa dos Estudantes do Império, às Repúblicas Universitárias de Coimbra, de Argel ao Tarrafal, houve sempre uma relação de proximidade que veio a produzir efeitos na descolonização favoráveis ao MPLA.

O facto da Revolução dos Cravos em 24 de Abril de 1974 ter forte tendência marxista, e a UNITA ter sido uma invenção portuguesa e que Jonas Savimbi demarcou como coutada maoista, levando à morte de mais de mil angolanos em 25 de Dezembro de 1966 no Luau, também levou a que se quebrasse o mito que os retornados portugueses eram apoiantes do Galo Negro, hoje do que conhecemos da história, sempre com arma do medo e do pânico, há a certeza de que Jonas Savimbi foi o responsável da saída dos portugueses num caos, para destruir a economia angolana.

A UNITA somou incompatibilidades no decorrer dos anos, zangou-se com os primeiros ministros Mário Soares e Cavaco Silva, com os ministros dos negócios estrangeiros Durão Barroso, António Monteiro e Martins da Cruz, e em Portugal arranjou amigos pagos a peso de ouro, diamantes e marfim, como Horácio Roque na banca, Maria Antónia Palla no jornalismo, Manuel Monteiro e João Soares na política, e Mário Soares quando ao serviço dos negócios da CIA com Frank Carlucci.

ACJ que com a mesma tirania de Savimbi tomou a UNITA, com capatazes que vêm do tempo da Jamba, o grupo dos inquisidores liderados por Lukamba Gato, sentindo necessidade de pressionar Portugal no jogo das sombras em que assentam os ensaios da convulsão social, atacam diretamente e pelos canais de que dispõem, ferozmente Marcelo Rebelo de Sousa pela sua amizade a Angola e a João Lourenço; tudo quanto é próximo do Presidente da República de Angola é para abater, o slogan da campanha é África, Angola, Unita, ié ié ié.

A UNITA tornou-se numa amálgama de gente que não vive apenas à margem da Lei, é confrangedora a sua inadaptação à realidade, numa altura em que a Alemanha arquiteta investimentos avultados em Angola, até uma fábrica de automóveis está na agenda, criminosamente o general Numa vem falar de conflito armado, chega a ser revoltante tamanha irresponsabilidade.

Daqui a duas semanas engalado numa das maiores e mais perigosas ilegalidades, ACJ será entronizado no pedestal do absolutismo, será levado em ombros pelos seus sequazes, vai dar início a um desafiante jogo de paciência como em 1992; prevejo que a bela cidade de Luanda se transforme no espelho do Auto do Inferno descrito na Divina Comédia de Dante, só a Justiça, e tem mais que razões para isso, pode travar o desastre que se avizinha.

De Célito a Monstro, Marcelo Rebelo de Sousa irá a Luanda à Feira do Livro, mostrará aos angolanos a diferença entre a democracia e a civilidade de João Lourenço, e a intolerância, arrogância e extremismo da UNITA de ACJ.