João Lourenço nos EUA: bons presságios

ByTribuna

24 de Setembro, 2021

A viagem do Presidente João Lourenço aos Estados Unidos representa mais um capítulo importante nas relações entre os dois países.

Na 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, subordinada ao tema “Construindo resiliência através da esperança – recuperar da Covid-19, reconstruir a sustentabilidade, responder às necessidades do planeta, respeitar os direitos das pessoas e revitalizar as Nações Unidas”, o discurso do Presidente debruçou-se em três matérias: balanço sobre a pandemia covid-19 e as respectivas consequências que esta trouxe a nível global, questões ligadas à paz e segurança no continente africano, com especial ênfase dado ao papel que Angola tem desempenhado na República Centro Africana e as alterações climáticas.

Contudo, o mais importante é saber os resultados dos vários encontros que se foram desenrolando com empresas, instituições e o governo norte-americano.

Em primeiro lugar, saúda-se o início de negociações com a empresa americana African Parks para uma parceria público-privada, co-gestão e desenvolvimento dos parques naturais do Luengue-Luiana e Mavinga. O Presidente afirmou que a “African Parks trará o financiamento e a experiência técnica necessárias para conservar e administrar essas vastas áreas que estão sob crescente ameaça de desmatamento, fogo e caça furtiva”.

Na matéria ambiental, sublinhe-se também que Angola será o terceiro signatário do protocolo contra o tráfico ilícito da flora e da fauna selvagens.

Sobre o clima e energias renováveis, um tema que tem sido dos mais debatidos nos últimos tempos no âmbito da ONU, JLo afirmou que o país está a trabalhar em estreita colaboração com os principais actores da política internacional, no sentido de desenvolver uma estratégia comum de redução da emissão global de carbono e na criação de um ambiente sustentável para as próximas gerações.

O Presidente lembrou também que Angola é rico em recursos naturais, possui belas paisagens, uma vida selvagem ímpar e dispõe de uma das maiores redes hidrográficas. Estas mais-valias, representam certamente uma oportunidade válida para apostar seriamente nas fontes de energias renováveis.

Ainda em Washington, JLo salientou o papel que os EUA têm desempenhado em várias matérias: no processo de desminagem do país, no apoio a África ao enviar milhões de vacinas para o continente (500 mil doses já chegaram a Angola no mês passado), nas telecomunicações, energias renováveis, entre outros.

Relativamente a estes dois últimos aspectos, o estadista vincou que uma operadora de capital americano, tornou-se no primeiro investidor estrangeiro a deter uma licença de telefonia móvel no país e que o maior projecto de energia solar do país está a ser desenvolvido por uma empresa privada americana, em parceria com o Exinbank.

Aliás, a nível de parcerias, foram estabelecidas ou confirmadas várias entre os dois Estados, contudo ganha particular destaque a que permitirá electrificar quatro províncias do país e suas principais comunas – Namibe, Cuando Cubango, Huíla e Cunene, num projecto avaliado em 1,5 mil milhões de dólares a ser executado pela empresa americana San África.

No sector petrolífero, evidência para o acordo realizado com uma empresa americana que vai construir no Soyo, província do Zaire, uma refinaria para 100 barris de petróleo bruto por dia.

Ao nível de encontros com figuras estatais norte americanas, destaque para os encontros com Nancy Pelosi Presidente da Câmara dos Representantes do Congresso, Robert Menendez, Presidente da Comissão das Relações Exteriores do Senado e o Presidente do Comité de Relações Exteriores da Câmara dos Representantes, Gregory Meeks. A intensificação e o fortalecimento das relações entre os dois estados foi a temática principal do encontro.

Por último, não nos esqueçamos também as várias iniciativas que têm vindo a ser encetadas em território nacional. Exemplo disso foi o ciclo de reuniões designado RoadShow PROPRIV, que numa das suas sessões mais recentes, contou a com a presença de vários investidores americanos, e do Secretário de Estado para as Finanças e Tesouro, Ottoniel dos Santos. Esta sessão visou promover um maior comércio e investimento entre os dois países. Angola é o terceiro maior parceiro comercial dos EUA na região subsariana, sendo o petróleo a maior fonte de exportação.