Raramente alguém imbuído de boas intenções ou arrependimentos, em tempos de acusações e insinuações gere com silêncio a sua razão, de vértice piramidal da servidão voluntária à ideia do bom samaritano viveu-se o tempo amparado na doença que pode garantir o retorno em busca da herança.
Do bairro mais chique de Barcelona, passando pela clínica mais luxuosa da Europa, até à mansão principesca em Miramar, José Eduardo dos Santos amparado pelo seu estratega, general Zé Maria e o grupo obcecado pelo Poder liderado por Adalberto Costa Júnior, calculou o seu regresso estratégico, em Luanda e em Lisboa conta com os marimbondos esfomeados, e o risco está calculado no tempo que resta de vida, lapso de tempo em que quer reverter a imagem negativa que o arrasta para a sepultura.
Da clínica luxuosa Teknon em Barcelona chegam garantias de meses de vida, do MI5 inglês e da DRG francesa fala-se da movimentação, antes do regresso, de 200 milhões de dólares do seu pecúlio no IOR – Instituto de Obras da Religião, vulgo Banco do Vaticano, onde ele e Manuel Vicente são clientes especiais de biliões numa lista de uma dezena de outros humildes angolanos de milhões.
Em Portugal tudo se fabrica na imprensa, dos diamantes e marfim da UNITA aos dólares que vinham de Luanda, proliferavam almoços em restaurantes de luxo e viagens para paraísos exóticos, a pandemia afrouxou movimentações que de forma espantosa retomaram as rotas e suspeitos propósitos.
O regresso de José Eduardo dos Santos à ribalta, mesmo silencioso, é retorno de conveniência, é o cálculo em vida para a preparação da morte, ódios de estimação, vinganças mesquinhas, o perene sonho de grandeza e poder; para contrariar este ADN seria necessário um pronunciamento claro, da parte dele e dos aliados e cúmplices no oportunismo ocasional, dentro e fora de Angola.