Foco de irresponsabilidade

ByKuma

11 de Junho, 2021

Quando no Séc. XVI o grande filósofo francês Étienne de La Boétie escreveu sobre a Servidão Voluntária, como dissertaram à época Michel Montaigne e François-Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudónimo Voltaire, teorizava sobre a tirania que então era assente em concêntricos que se iam alargando em torno do eixo, que no caso era o vértice da pirâmide do Poder.

Com o desafio cada vez mais complicado nos tempos modernos em que os meios de informação são acessíveis e quase incontroláveis, impõem-se regras inversas na responsabilidade pública num Estado de Direito, o obscurantismo das fontes obriga a demarcações para que a transparência e ética regulem a confiança entre agentes que se respeitam.

O Conselho Europeu propôs uma Directiva que passa a responsabilizar as Oposições políticas, há excessos que geram anarquia, e aproveitamentos que causam o caos. Há cada vez mais grupos descontrolados, sem identidade, incentivados por interesses ocultos, mas que servem quem quer desacreditar o Poder estabelecido, gerando factores de instabilidade insuportáveis.

Em Angola temos assistido a fenómenos enquadrados neste espectro de preocupação, com o maior Partido da oposição a fragmentar-se e tendo como laço que os une num todo a perspectiva de Poder, suportam-se na diferenças inultrapassáveis, cada um agarrado ao que pode para se salvar do naufrágio.

Adalberto Costa Júnior é cada vez mais o elo mais fraco do Galo Negro, é em contrapartida o maior mobilizador de rua, por isso não consegue demarcar-se dos anarquistas e voluntários de desgraça que o mundo cada vez mais quer combater sem tréguas.

O Estado de Direito democrático pressupõe autoridade que emana do mandato popular, dele faz parte, também, uma Oposição democrática, responsável e respeitadora das regras plasmadas na Carta Magna da República; para tal deve silenciar certos discursos incendiários, e muito menos lançar atoardas que reflectem um desejo de derrube do Governo em momento de dificuldades.

Os donos da UNITA que são, também, os marimbondos do Galo Negro, atingiram uma idade que relega para o fim de um ciclo, seguindo a doutrina tribal querem que sejam os filhos a deterem a herança. ACJ com a renúncia da nacionalidade portuguesa e do falso divórcio esgotou as oportunidades de cumprimento das barreiras tribalistas e racistas da UNITA, e o recurso à rua será a sua própria condenação na hora certa.

As contradições cada vez mais evidentes da UNITA estão também a corroer as ligações ao Clã Dos Santos, os fundos disponibilizados têm-se evaporado sem que se tenham atingido metas programadas, e se até aqui a Pandemia encobriu os oportunismos de ambos, a realidade é bem mais dolorosa, e internacional e diplomaticamente o Governo tem ganho terreno evidente.