Já aqui temos vindo a destacar o valoroso esforço que tem sido desencadeado pelo executivo angolano no estreitamento das relações internacionais com algumas das principais potências mundiais. Ainda na semana passada, prova disso foram os inúmeros encontros que a Cimeira sobre o financiamento das economias africanas proporcionou.
No que diz respeito aos seus vizinhos sul-africanos, o dinamismo da diplomacia angolana tem sido também bastante proveitosa.
Relativamente à economia mais desenvolvida da África subsariana, a África do Sul, têm sido privilegiados acordos de natureza comercial com destaque para o sector petrolífero, contudo, o reforço dos laços de cooperação também se podem vir a estender nos domínios da indústria, saúde militar e da formação em língua inglesa.
No âmbito da cooperação militar, é de recordar as fortes ligações que Angola detêm há vários anos com o país do arco-íris, e que este possui tecnologia intermédia que pode ser utilizada para o desenvolvimento económico e social de Angola, bem como das Forças Armadas Angolanas.
No início do ano, Angola e Zâmbia reforçaram um acordo bilateral anteriormente realizado em 2016, que visa os sectores do comércio e da indústria.
Na sequência, de forma a promover oportunidades para o estabelecimento de relações mais estreitas no sector privado dos dois países, deverão ser organizados fóruns de negócios sob a égide da Câmara de Comércio e Indústria de Angola.
Entretanto, em finais de abril, foi celebrado um memorando de entendimento relativo a um projecto que estava empancado, ou avançava muito periclitantemente desde 2012 devido à crise económica prolongada. Este memorando assinado, prevê um estudo para aferir da viabilidade da construção de um oleoduto que vai ligar o Lobito (Benguela) a Lusaka, capital da Zâmbia. Caso este projecto tenha “pernas para andar”, o investimento poderá custar mais de 2 mil milhões de dólares e empregar entre 8 e 12 mil empregos nos dois países na fase de construção.
Quanto ao vizinho que faz fronteira a sul, a Namíbia, temo-nos deparado com uma conjuntura pouco favorável. Exemplo disso, é o encerramento contínuo da fronteira namibiano-angolana devido aos constrangimentos associados às medidas sanitárias no contexto de pandemia, que naturalmente tem levado à obstrução da livre circulação legal de pessoas e mercadorias. Para além disso, as secas extremas que têm assolado o sul de Angola, acabaram por provocar um movimento migratório descontrolado dos cidadãos angolanos para o território namibiano.
Ainda assim, deveremos ter em consideração as relações de amizade entre os dois estados, e isso, pode-se reflectir segundo o Ministro das Relações Exteriores, Téte António, no fortalecimento do diálogo político-diplomático e no caso específico, explorar as oportunidades que as relações económicas e comerciais oferecem. Além do mais, a Namíbia é um parceiro estratégico com capacidade de ajudar Angola a incrementar o investimento directo estrangeiro e as parcerias público-privadas.
Por último, nota de realce para o encontro que tivemos no início desta semana, entre o Presidente da República João Lourenço e o seu homólogo Tswanês Mokgweetsi Masisi mais as diversas reuniões entre as delegações ministeriais. Os dois países que mantêm relações diplomáticas desde 1976, têm concentrado a sua cooperação bilateral nos sectores dos diamantes, educação, saúde e meio ambiente.
O Botswana é um dos maiores produtores de diamantes a nível mundial e Angola pode obter a experiência deste país na extração e lapidação.
Importa também lembrar que ambos os países, para além da Namíbia, Zimbabwe e Zâmbia, integram o projecto Okayango/Zambeze, um dos mais ambiciosos projectos turísticos do mundo, e no qual Angola detém a segunda maior participação, com 87 mil quilómetros quadrados de espaço territorial.
Todas estas construções e níveis de cooperação englobam uma zona geográfica comum – África Austral – esta região necessita de consolidar a sua colaboração a nível multilateral. E nada melhor do que aproveitar um “palco” já existente – a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), que tem como “espinha dorsal” dos seus desígnios a cooperação e integração socio-económica, bem como a cooperação em matérias de política e segurança dessa região.