Bélgica e Angola a caminho de uma boda de diamantes

ByTribuna

13 de Maio, 2021

Os diamantes são os melhores amigos das mulheres, já ouvimos esta frase vezes incontáveis nos mais variados contextos. No caso de Angola e Bélgica, os diamantes também podem ser uma fonte rica de benefícios mútuos entre os dois Estados.

No executivo de João Lourenço estão a ser criadas algumas das condições fundamentais para que o mercado diamantífero prospere e traga benefícios efectivos e palpáveis para a sociedade angolana.

Um dos primeiros passos dados foi a alteração da legislação que acabou com os compradores preferenciais. Associada a esta vertente, sublinha-se o empenhamento que o governo tem demonstrado na luta contra o garimpo ilegal, que acaba por despojar milhares de quilates da produção oficial nacional.

O primeiro trimestre de 2021 foi bastante positivo para a indústria diamantífera nacional, as receitas subiram 26 % face ao mesmo período no ano anterior, traduzindo-se numa receita de 220 milhões de dólares. O objectivo para este ano, é alcançar uma produção global de 10,5 milhões de quilates, e se possível chegar no próximo ano aos 14 milhões, valores consideravelmente superiores aos actuais 9 milhões produzidos em média nos anos mais recentes.

No início desta semana, no âmbito de uma reunião com mais de 20 empresários belgas ligados à Antwerp World Diamond Center (AWDC), ficámos a saber através do Ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo que os dois países, Angola e Bélgica vão reforçar através desta organização (o maior Centro Mundial de Diamantes está situado em Antuérpia e representa mais de 1600 empresas desta indústria) os investimentos neste mercado, levando em consideração a dinâmica actual de Angola.

Por seu lado, a Bélgica, pela voz do seu Embaixador em Angola, Jozef Smets, enfatizou a vontade das empresas do seu país firmarem parcerias sólidas com empresas angolanas do ramo da indústria diamantífera. Os dois países salientaram a importância de estabelecer bons contactos e fazer boas negociações, reconhecendo a enorme potencialidade de Angola.

Diamantino Azevedo reforçou ainda a ideia que Angola vai ter, com carácter experimental, uma Bolsa de Diamantes de Angola já a partir de 2022, contando para isso com a colaboração de empresários belgas, clamando para o executivo o dever de criar as condições essenciais para melhorar a comercialização dos diamantes produzidos no país. Dentro deste enquadramento acrescentou: “vamos trabalhar juntos para dinamizar o sector, pois o povo angolano pode beneficiar-se dos diamantes, por via do aumento do seu valor, da criação de emprego e, consequentemente, do aumento das receitas para o tesouro nacional.”

Angola é o quarto maior produtor mundial de diamantes, ficando apenas atrás da Rússia, Botsuana e República Democrática do Congo. Contudo, o objectivo final é colocar o país no pódio, contando para isso com um precioso “casamento” celebrado com a cidade de Antuérpia, a segunda maior cidade belga, e o maior pólo mundial de lapidação e comércio de diamantes. Cerca de 84 % dos diamantes brutos de todo o mundo passam por esta cidade, sendo que Bélgica, Índia e os Emirados Árabes Unidos representam os três principais mercados dos diamantes extraídos em Angola.