Numa magistral jogada de antecipação, João Lourenço anunciou uma revisão constitucional. Entre os vários aspectos, há um que deve ser realçado, pois representa um passo de gigante na modernização da economia e na luta contra a inflação.
O passo importante anunciado é o da independência do banco central. Após a revisão constitucional, o Banco Nacional de Angola (BNA) passará a ser uma entidade independente, de feição eminentemente reguladora. É uma transformação estruturante de onde releva o facto de, a partir de agora, ficar vedada a transmissão de recomendações ou emissão de directivas aos órgãos dirigentes do BNA sobre a sua actividade, sua estrutura, funcionamento, tomada de decisão, e sobre as prioridades a adoptar na prossecução das suas atribuições por parte do Poder Executivo.
Também fica claro que a função essencial do BNA é combater a inflação e assegurar a estabilidade do sistema financeiro.
A independência formal do Banco Central é um avanço institucional e uma consolidação da estabilidade monetária. O principal objectivo é reduzir ao máximo as chances de ingerência política nas decisões da entidade.
Livre de interferência política, a instituição monetária ganha mais credibilidade junto a investidores nacionais e estrangeiros, pois dá uma sensação de maior segurança jurídica ao sistema financeiro e, consequentemente, à economia do país. Com isso, o risco-país tende a cair. O risco-país indica o nível de estabilidade económica e é usado por investidores na hora de decidir em qual nação aplicar dinheiro.
A autonomia também desenha um cenário mais favorável à queda da taxa de juros.
Assim, temos aqui uma excelente notícia e iniciativa do Presidente da República.