Não é preciso análise política profunda para perceber os decibéis debitados sobre os lamentáveis acontecimentos de Cafunfo. Ao terrorismo jornalístico da Lusa juntou-se a total e usual irresponsabilidade da UNITA, e a Igreja, na sua tradicional ambiguidade fez a gestão local do objectivo.
Os intervenientes acusadores e comentadores foram sempre os mesmos, mudou a vestimenta consoante o órgão de comunicação social, os números também nunca foram coincidentes, sempre com a subjectividade dos desaparecidos e soterrados. Nada disto é novo, nada disto é estranho aos agitadores, nada disto é uma novidade que não se venha a repetir nos próximos tempos. O empolamento deriva da depressão compulsiva do esvoaçar do Galo Negro sem o Poder, mas é o retrato da sua irresponsabilidade, pintado a cores a tragédia que seria a sua governação.
A causa primeira do incidente está numa ideia de separatismo. Mal seria o Estado não defender o Estado de Direito Democrático, disso deram conta o Comandante Geral da Polícia Nacional de Angola, o Ministro da Justiça, enquanto um grupelho de deputados levava a discussão para a rua, onde lhe convém. Adalberto da Costa Júnior queria que João Lourenço viesse responder-lhe, mas ficou a falar sozinho. O silêncio do Presidente da República valeu ouro. Não pode ser interpretado como árbitro de uma questão inconstitucional, o separatismo, seria um precedente demasiado perigoso. A UNITA assume-se como contendor, é parte do jogo, o silêncio incomoda, o Galo Negro patenteia um analfabetismo político funcional próprio de um anarquismo que não sabe o que é o Poder nem o Dever e muito menos a responsabilidade institucional.
Este caminho escolhido pelos Marimbondos, Kwatchas e aliados ocasionais pagos para o efeito, é um percurso sinuoso de consequências imprevisíveis, numa altura em que o mundo está a contas com uma Pandemia planetária. Seria desastroso que o governo perdesse a mão em matéria de Segurança Nacional. Em pleno séc. XIX o México perdeu metade do seu território por questiúnculas internas e naquilo que perdeu estão os Estados da Califórnia, Texas e Novo México que representam hoje mais de 1/3 do PIB americano.
Creio como cidadão angolano que impõe-se ao Presidente da UNITA um pronunciamento público a demarcar-se dos separatistas bem como dos Marimbondos a contas com a Justiça. Creio, ainda, que urge que se esclareça os cidadãos se a ex-deputada do MPLA Tchizé dos Santos aderiu ou não ao Galo Negro.
Kuma