A reunião do vácuo: a Comissão Política da UNITA

ByTribuna

25 de Novembro, 2020

Numa espécie de folclore político verdadeiramente desaconselhável em época de pandemia, a UNITA reuniu a sua Comissão Política. Foram 276 pessoas e seus auxiliares que andaram entre Luanda (30/31 de Outubro), Huambo (6 e 7 de Novembro) e Malanje (21 e 22 de Novembro). Entes saltitantes inexplicavelmente espalhadores de vírus, no final de contas não conseguiram realizar nenhuma reflexão que originasse uma proposta alternativa ao governo.

O comunicado final dessas reuniões é o espelho do vazio. O nada multiplicado pela insignificância. Começa por referir os problemas da pobreza, da devastação florestal, do mau estado das estradas, do Covid-19 e das outras doenças. Isso já todos sabemos, e também sabemos que em relação ao Covid-19 o governo reagiu bem e tal foi reconhecido por estudos internacionais.

O espantoso é que a UNITA não apresenta uma única solução, uma única política alternativa. Nem uma. O que existe é uma enumeração do mal e nada sobre o bem.

Até porque o restante do comunicado final continua a ser um apelo discreto à juventude para continuar as manifestações e a crítica constante e permanente das autoridades.

A UNITA espera que as manifestações – e não o voto popular- lhe dêem o poder. Não percebe que as massas inorgânicas que engrossam as manifestações, rapidamente lhe sairão do controlo e mais do que alternativas ao governo, são alternativas à UNITA.

Os activistas que promovem as manifestações vão substituir a UNITA. Numa ironia da história, a UNITA está a promover a sua própria irrelevância. Isso era o que devia ter sido discutido na Comissão Política e não uma lista de lugares comuns sem apelo nenhum.

Não pode haver violência nas manifestações, senão já não são manifestações, mas subversões.

Os problemas dos jovens resolvem-se com crescimento económico, inclusão e políticas activas de emprego. É isso que a UNITA devia apresentar. Como faria diferente do governo, que caminhos escolheria. E, no entanto, não é o que surge. O que aparece são o ataque, a queixa, maledicência. Enquanto for assim, a UNITA não é alternativa, mas algo que se auto-dissolve na sua insignificância.