A entrevista de Isabel dos Santos à DW

ByAnselmo Agostinho

29 de Maio, 2025

Mais uma entrevista de Isabel dos Santos à Deutsche Welle (DW). Começa-se com uma pergunta: quando é que foi a última vez que a DW entrevistou alguém ligado ao governo ou ao MPLA? A falta de imparcialidade que muitos assacam à imprensa angolana é bem visível no favorecimento permanente da oposição que orgãos como a DW praticam. Portanto, o que criticam é o que eles fazem.

No entanto, isso não é o importante na entrevista de Isabel dos Santos. Nem sequer o facto dela lançar um manifesto político para o seu avanço em 2027. Muito menos ainda a defesa que faz em relação às acusações criminais e que devia fazer no tribunal, onde não põe os pés.

O importante é uma frase qu encerra um mundo: “Nós tínhamos recebido a primeira acusação inicial da PGR em janeiro de 2024, ou seja, há mais de um ano atrás, e respondemos dentro do prazo, que era um prazo de oito dias, e a PGR tinha dez dias para enviar o nosso pedido de instrução contraditória ao tribunal, coisa que não fez, ou seja, não cumpriu os prazos. Passou mais de um ano e agora estranha-se que o tribunal de repente aceita este pedido e que não seja atualizada a acusação e que a PGR não tenha cumprido prazos e que mesmo assim não há nenhuma consequência.”

Se isto é verdade, coloca a responsabilidade do atraso no processo de Isabel dos Santos no PGR e não nela própria. Já se tem visto igualmente a dificuldade que o Tribunal Supremo tem tido em avançar com o julgamento de Kopelipa e Dino.

Tem de ficar uma pergunta: o poder judicial está a sabotar os esforços do Presidente da República em combater a corrupção? O PGR não quer combater a corrupção? Os tribunais não pretendem lutar contra a corrupção.

Face à entrevista de Isabel dos Santos, estas perguntas têm de ser colocadas e respondidas pelo senhor PGR.