Quem paga, e paga bem, pode e manda e até escolhe a vez, desfilaram todos os avençados, mesmo os mais inesperados, mas Isabel dos Santos, cada vez mais acossada e pressionada, reagiu e não deixou nada ao acaso.
Com plástica acabadinha de fazer, deixou de parte a imagem de menina rebelde e presunçosa, e surgiu com pose de mulher madura, serena, adormecendo a sua parte de corrupta calculista, e emergindo com uma narrativa que pudesse abrir a porta para entrar no espaço político, atacando todos os marimbondos, afastando-se da herança e do núcleo do próprio pai, disponibilizando-se para servir o seu País de coração, desta vez, Angola.
A senhora não tem culpa de nada, a licença da UNITEL caiu do céu, o controlo total dos diamantes de Angola foi uma prenda de casamento, e até nunca quis fazer parte do governo ou empresa estatal como se fosse algo que abone o seu curriculum, quando toda gente sabe que só poderia ter enriquecido ilicitamente nos negócios privados, para receber todas as benesses provindas do seu pai, José Eduardo dos Santos.
Houve uma fase em Angola que enquanto Manuel Vicente sacava e distribuía tudo quanto a SONANGOL poderia dar, ninguém conseguia fazer nada em Angola sem passar por Isabel dos Santos e Hélder Kopelipa. Ninguém fazia uma grande transação no BESA sem o aval de Álvaro Sobrinho, que tinha os seus peões como Paulo Kassoma ou Carlos Feijó. Angola foi feita prisioneira de todo clã de Zédu, quer amigos ou familiares. Alguém terá a noção da dimensão da fortuna de Marta dos Santos?
Mas o mais inesperado, assente em cumplicidades bizarras, mas aqui temos interpelado, foi a declaração do senhor PGR, Hélder Pitta Grós, de que o Dubai estava mais receptivo a justiça angolana. O que mudou? Isabel dos Santos já foi ouvida? Detida? A que propósito o PGR fez essa declaração? Estranho!
Esta entrevista a Isabel dos Santos serviu para clarificar várias situações, uma contraditórias, outras a actual posição face aos servidores avençados e, por último, anunciar uma nova fase de intervenção política sobre Angola, entrando por uma via de maior exigência. Não foi por acaso o apelo ao sentimento, a capitalista não tem meios para pagar a escola dos filhos, que herdaram uma fortuna colossal do pai, mas há fundos para viver como uma pessoa das mais ricas do mundo, com todas as mordomias e luxos faraónicos no Dubai.
Friamente se conclui que Isabel dos Santos continua a gozar com os angolanos, a desafiar o Governo de Angola, e debochar da justiça do País, e a evidenciar um à vontade claramente assente nas cumplicidades de muitos abutres que sugaram o Erário Público, talvez tudo oriundo do mistério que envolve a inoperacionalidade do Ministério Público, que nada faz de visível para contribuir pela Probidade do Estado.
A tentativa de incluir João Lourenço nos seus desvarios, a tentativa de apelar à solidariedade partidária do Senhor Presidente da República, foi o grande falhanço da entrevista, parece que tanta inteligência acumulada, ainda não percebeu que o líder do MPLA abraçou Angola, deu-lhe o rumo que norteou a Fundação e os valores e princípios consagrados no Nacionalismo, na sua entrega, na sua lealdade, na sua generosidade, no respeito da integridade da cidadania, consagrados na Democracia, na Liberdade e no Desenvolvimento.
Esta entrevista não foi o fim de uma etapa no percurso de Isabel dos Santos, foi um ponto de viragem a que se seguirão os novos e alguns habituais avençados, não vão tardar a fazer as suas preces, de contentes esfregam os novos assessores de Isabel dos Santos, perspectivam-se em Lisboa ou no Dubai, de tempos a tempos em Londres, grandes almoços para garantir que tudo fique na mesma, não há inocentes, mas há, com certeza, inúmeros culpados.
A meu ver, enquanto Isabel dos Santos estiver foragida, mesmo inspirada no fugitivo Venâncio Mondlane, jamais conseguirá ser mártir, Angola não é Moçambique, e não está mais desenvolvida por ter no seu seio pessoas como Isabel dos Santos, Kopelipa, Dino, Manuel Vicente, Álvaro Sobrinho, José Maria, porque cada um do seu jeito, roubando, matando, e até traidores como Marcolino Moco ou oportunistas como Rafael Marques e Vítor Hugo Mendes, que tanto definham o nosso País, mas mesmo assim está no novo rumo que até já provoca saudade a Isabel dos Santos.