África é um enigma que nos invade o pensamento, faz-nos viajar no tempo e interpelar-nos o que falhou na sua posição no mundo. África precisa urgentemente de ganhar África e devolver-lhe a sua força, isso passa pela valorização das suas raízes e estimular a suas memórias.
Pelos caudais do Níger, Nilo, Limpopo, Zambeze, Congo, Cuanza, chegaram ao Atlântico e levaram o Candomblé, Iemanjá, Xangô, e todos os Orixás, e os filhos de África, com sofrimento e saudade elevaram a sua dor na expressão genuinamente africana, o Blues, o Jazz, o Samba, enraizados nas matrizes culturais dos países emergentes como o Brasil e Estados Unidos da América, cavalgando rios como o Missouri, Mississipi, Amazonas e River de La Plata.
Com o tempo, com a fibra e o engenho da gente africana foram conquistando o seu espaço, Barack Obama chegou a Presidente do país mais poderoso do mundo, Kamala Harris está a disputar um lugar na Casa Branca, e Kemi Badenoch acaba de ser eleita líder do Partido Conservador Britânico, conquistas impensáveis há 30 ou 40 anos.
Descobertas recentes e confirmadas cientificamente, num reino localizado onde hoje está a Zâmbia, já se fabricavam artefatos em ferro no ano 1.000 na nossa era, quando os Povos Bantus se instalavam pela terra sul africana.
As colonizações europeias transformaram as nossas gentes apenas em força de trabalho, e o desenvolvimento genuinamente africano foi interrompido por 500 anos, e na hora da retirada entregaram o Poder a elites alienadas, algumas delas presas a esse desiderato 50 ou 60 anos após a Libertação e Independência, e só os governantes após as ditaduras da herança colonial, estão a dar um novo impulso de desenvolvimento nacional, com matriz identitária nacionalista mas aberta ao mundo numa relação de igual para igual. E não precisamos deixar de nos agarrar ao que é nosso, genuíno, temos o exemplo recente da Kizomba que está em todo mundo com selo de Angola.
Nesta viagem pelo tempo aparece João Lourenço, deu dignidade ao nome de Angola, é equidistante de todas as tentativas de subjugação na geopolítica, e com isso, está sentado na diversidade da Nova Ordem Mundial, colocando Angola no centro de auscultação africana junto da globalização.