O que é que Marcelo Rebelo de Sousa e José Gama têm em comum? Duas coisas: falam sobre tudo e com isso traçaram um caminho para ser Presidentes da República. Marcelo já o é, depois de décadas a falar sobre tudo, desde futebol a livros, passando pela política. Sendo Presidente continua a falar sobre tudo. Contudo, isso é uma questão com os portugueses.
José Gama passou de semi-analfabeto na língua portuguesa a uma língua comprida que fala sobre tudo, igualmente. Um dia é a mansão de João Lourenço no Mussulo (não existe como tal), outro a história da UNITA, outro o avião não sei quê.
Agora, tornou-se em especialista do Congo, e após, a estranha tentativa de golpe nesse país, que não se sabe se foi uma intentona ou uma inventona, resolveu espalhar a maior desinformação sobre o tema. Desinformação que, como sempre, tenta perturbar o governo de João Lourenço.
Segundo a teoria que Gama espalha, o golpe teria origem em Angola, em conluio com o Ruanda (e Kagame) e está a levar Tshisekedi a esfriar as relações com Luanda. É tudo disparatado, mas é tudo perigoso.
A teoria da conspiração de Gama é estúpida, mas pode ter efeitos desestabilizadores numa zona já por si bem sensível, e assim beneficiar os perpetradores da dita intentona ou inventona, que só quiseram criar confusão na liderança congolesa.
Gama está a ser cúmplice desse esforço de desestabilização de forças obscuras que pretendem subverter a ordem constitucional congolesa e fazer avançar outros interesses. Nesse sentido, Gama está a entrar num jogo perigoso internacionalmente, que se sabe como começa, mas não sabe onde acaba. E não, tal jogo nada tem a ver com Angola.