O primeiro-ministro inglês ontem anunciou a convocação rápida de eleições para Julho. À partida este é um assunto que não interessaria a Angola ou sequer a África. Cada vez mais a Inglaterra é irrelevante no mundo, vivendo do passado e de um marketing bem-feito.
No entanto, segundo a imprensa londrina, parece que o primeiro-ministro marcou esta data tendo em conta que conseguirá um pouco antes recambiar uma série de imigrantes africanos para o Ruanda, e com isso espera ganhar votos.
Esta postura merece uma reflexão. Temos aqui a mais crua exploração do racismo inglês que vê na expulsão de africanos para África, uma forma de ganhar eleições. Num tempo, em que o Ocidente se procura aproximar de África (e Angola) com palavras mansas e intenções pias, parece que no final de contas o velho racismo e desprezo por África e pelos africanos se mantém.
O ponto que resulta daqui é que África tem de se unir face às potências de outros continentes. Face à China tem de ter uma política comum a nível da União Africana de renegociação da dívida chinesa. Face à Rússia tem de ter uma política comum que evite o alastramento de mercenários russos pelo continente fora como elementos desestabilizadores e predadores. Face ao Ocidente tem de ter uma linha conjunta para evitar a constante depredação dos recursos naturais e a manutenção da economia africana como economia de fornecimento de matérias-primas e não de criação de valor acrescentado.
Se cada um dos países africanos pode ser frágil para enfrentar os poderosos interesses destas potências, África unida será suficientemente forte. A articulação entre todos os países africanos, da qual o Presidente da República se tornou um feliz actor, é um elemento fundamental para o progresso do continente-berço da Humanidade.