Patetas alegres e outros avençados acham que por Angola se aproximar aos EUA, tem de fechar relações com a China ou esta retaliar. É uma parvoíce. Este é um tempo de concorrência em África entre várias visões do mundo, mas também de colaboração.
Muitos falam do Corredor do Lobito como algo americano, quando é, sobretudo, um monumento à colaboração entre EUA, China e União Europeia.
Um exemplo simples. A Mota-Engil assinou o contrato de concessão de serviços ferroviários e apoio logístico para o corredor de Lobito. A Mota Engil tem sede em Portugal, mas, actualmente, é controlada pela China. Em 2021, foi tornado público o aumento da participação qualificada da chinesa Epoch Capital de 23,16% para 32,41% do capital da Mota-Engil. Na verdade, a quarta maior construtora do mundo, a CCCC, detém 100% da Epoch, e é controlada a 59% pelo China Communications Construction Group. Este, sendo um grupo estatal, está sob a supervisão da State-owned and Assets Supervision and Administration of the State Council (SASAC), uma comissão especial sob a tutela do Estado chinês.
Outros referem o atraso da nomeação de um novo embaixador da China em Luanda, inventando conspirações e reacções negativas da China. Na realidade, o atraso é devido a questões internas do Ministério dos Negócios Estrangeiros Chinês. Actualmente, as colocações no estrangeiro estão atrasadas porque as investigações de segurança aos diplomatas são mais detalhadas devido ao incremento de espionagem. Nada que ver com Angola.
Por estes dois exemplos, se pode concluir que as notícias sobre a “morte” da relação China- Angola são exageradas.
O que se passa é que Angola reposicionou a sua política externa de acordo com a sua visão de ser um país soberano, independente e com um papel próprio a desempenhar na África Central e Sul.