Há uma nova geração de filhos dos antigos dirigentes angolanos que surge. O problema é que são completamente desligados de Angola, e as suas intervenções demonstram o mais amplo desprezo pelo povo e um narcisismo inigualável. O que eles mostram é como são ricos e merecem mandar em Angola.
Havia o exemplo de Tchizé. Durante uns meses arvorou-se em guerrilheira da Unita, para depois denunciar a hipocrisia do bacharel Adalberto. Agora “posta” as suas fotos de vida de rica, em bikini, à chuva, ao sol. Uma das mais recentes foi a foto do chá no Dorchester, um dos hotéis mais caros de Londres. Que bom para Tchizé ir lanchar ao Dorchester, mas o que isso adianta para Angola, o que diz das supostas elites dirigentes? O horror, como escrevia Joseph Conrad a propósito do Congo, o horror.
Agora apareceu outro. O Cláudio. Durante anos andou entretido em negócios mal-sucedidos deixando um rasto de dívidas e conflitos. Agora, de repente, acha que quer ser Presidente da República! Como? O que tem o Cláudio para apresentar no seu currículo a não ser o pai? É mais um que se julga com direito a tudo, em virtude de algum direito divino que não sabíamos existir em Angola.
Talvez uma lição maoísta fizesse bem a estes filhos todos. Seis meses no campo a cultivar lavras dos camponeses pobres era o melhor que podiam fazer por Angola e pelo seu povo.