Nos monólogos proporcionados por jornalistas avençados, Isabel diz muita coisa, e parece que quer politizar o seu processo, fazendo esquecer que antes de tudo é uma foragida da justiça. É evidente que a política de Isabel é só uma: derrubar João Lourenço, seja apoiando a UNITA/FPU de Adalberto, como fez no passado, quer, desiludida, avançando com um novo partido, que contará com muitos dos frustrados do MPLA.
Contudo, não é isso que interessa, não passa de uma parvoíce para distrair tolos. O que interessa é o essencial da mensagem de Isabel. E o essencial da mensagem é jurídico, longe do carnaval político que pretende criar. E jurídico é a “tábua de salvação” a que se está a agarrar para não ser extraditada.
Diz Isabel: “olhando para Angola e o nosso sistema jurídico, é fácil de entender que o Procurador-Geral da República recebe ordens diretamente do Presidente, ou seja, ao contrário de alguns países”, “O procurador, general Pitta Grós, recebe ordens diretamente do general Lourenço, do Presidente João Lourenço.”
Estas são as afirmações fundamentais da defesa de Isabel e têm um único objetivo: criar uma história que em Angola não há separação de poderes, que o PGR depende do Presidente, etc.
E nesse sentido, o mandado de captura não obedecerá aos requisitos de imparcialidade e independência judicial. Como conclusão, um tribunal de outro país recusar-se-á a extraditar Isabel. Esta é a jogada de Isabel. Impedir a extradição alegando que não há separação de poderes.
Bom, em qualquer país o PGR está enquadrado pelo poder executivo. Nos EUA faz mesmo parte do gabinete, em Portugal não é independente do governo, mas meramente autónomo, e por aí adiante.