Sinto-me perdido na penumbra,
Na viela da noite que se adensa,
Sinto o cansaço do caminho longe,
Com aromas do destino,
Fragrâncias do que não acreditei,
Mas que se colam como grude,
À silhueta triste e cabisbaixa,
Do que sobrou de mim.
No baloiço da saudade,
No centro da praça da solidão,
Vejo com olhar embaciado,
As valetas da minha rua com água barrenta,
O cheiro do capim molhado,
O salalé e a bola de meia,
E as andorinhas embriagadas de felicidade,
Bailando ao som da sinfonia da vida.
Meu chão, minha gente, minha kubata,
Naquela lonjura onde não tendo nada tinha tudo,
E entre o tudo e o nada,
Falta-me o meu chão onde tinha tudo,
E neste suspiro que me açoita com uma lágrima,
E mesmo a dor dos aflitos que de mim se apossou,
Nada chega ao desespero de perder quem tanto se ama,
É a força do infinito que resiste à viagem.
Kuma Gomes – Outubro 2022