O marido da trineta do 1.º Visconde de Paço de Nespereira e filho do último governador fascista da Angola colonial, Santos e Castro, de seu nome José Ribeiro e Castro, resolveu dar uma lição de democracia à província do pai e escreveu um artigo na imprensa portuguesa, mais um, a menosprezar e insinuar fraude (agora já evitam a palavra, desde que o bacharel Adalberto se desdisse) nas recentes eleições angolanas, que foram das mais disputadas, livres e justas que se viveram em África nos últimos tempos.
O antigo líder do CDS e inimigo de Paulo Portas, aproveita para dar uma bicada neste, e apresenta umas contas estranhas que não se percebem e não mais constituem que uma verdadeira falácia. O sábio advogado, mas fraco matemático confunde o total de votantes nas eleições, que foram 6 454 109 de cidadãos, com o total de inscritos, 14 399 391 cidadãos. A partir daí baralha-se e apresenta contas com base no total de inscritos e não dos votantes.
A verdade é que os resultados parciais que a CNE foi anunciando se referiram sempre, como é óbvio, à contagem dos votos expressos, e não ao universo eleitoral potencial. O político português quis dar uma lição aos angolanos chamando-os burros de contas, mas afinal foi ele que trocou os números na ânsia de dizer mal dum processo eleitoral hoje totalmente reconhecido, desde os Estados Unidos à China.
É evidente que em Portugal subsiste aquela “velha guarda” ligado aos sonhos coloniais que disfarçada com cavalheirismo pretende que reeditar os acordos que a UNITA fez com o então Comandante-Chefe das Forças Armadas de Angola, general Costa Gomes. É sabido que a UNITA a partir dos inícios do anos 1970 se tornou uma força ao serviço do Portugal colonial prestando-lhe toda a assistência na guerra contra os movimentos de libertação e recebendo em troca dinheiro e apoio médico.
Menos conhecido, mas também verdadeiro é que Marcelo Caetano nos últimos dias do seu consulado chamou o pai Castro, governador de Angola, dando-lhe indicações para preparar uma independência “branca ” de Angola (como tinha acontecido na Rodésia de Ian Smith) que teria Jonas Savimbi como primeiro-ministro (quem não acredite, veja o novo livro de Bernardo Futscher Pereira, Orgulhosamente Sós, p. 431). Santos e Castro seria o Presidente da República de Angola e Jonas Savimbi o primeiro-ministro, nesta tardia tentativa de Caetano.
Tendo sido assim, Ribeiro e Castro seria o filho do primeiro Presidente de Angola e parceiro de Jonas Savimbi.
Está tudo explicado em relação a esta acrimónia com o MPLA e simpatia com a UNITA que agora se vive em Portugal.